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Prefeitos de capitais dão um choque de realidade em Lula e Bolsonaro

A menos de um mês da votação, influência do presidente e do antecessor em grandes colégios eleitorais é ofuscada pelo trabalho dos governantes locais

Por Daniel Pereira Atualizado em 15 set 2024, 09h06 - Publicado em 14 set 2024, 13h49

Antes do início da campanha deste ano, o presidente Lula e o antecessor Jair Bolsonaro compartilhavam a intenção de demonstrar influência, poder e capacidade de transferência de voto nos maiores colégios eleitorais do país. Adversários, os dois imaginavam que seriam protagonistas na disputa municipal. Em São Paulo, por exemplo, travariam uma espécie de terceiro turno de 2022 ou uma prévia de 2026, em mais um confronto direto entre os dois principais líderes políticos do pais.

Até aqui, no entanto, a campanha nas principais capitais tem dado um choque de realidade em Lula e Bolsonaro, que têm tido bem menos peso do que planejaram ou gostariam. Na prática, ambos estão sendo atropelados pelos prefeitos, que recuperam ou ganham terreno independentemente da ajuda do petista e do capitão — e, em alguns casos, apesar do alinhamento a eles.

Zelador ou presidente

Em São Paulo, o deputado Guilherme Boulos (PSol) dava como certo que chegaria ao segundo turno, por ser o nome de Lula na disputa. Empatado no primeiro lugar, de acordo com a última pesquisa Datafolha, Boulos tem chances reais de passar à etapa final de votação, mas por enquanto não conseguiu deslanchar nas intenções de voto, inclusive entre os mais pobres, segmento no qual o presidente, em tese, poderia funcionar como um importante cabo eleitoral.

Hoje, o principal rival de Boulos é o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que conta com o apoio oficial de Bolsonaro, mas pede voto sem recorrer ao capitão e prefere destacar as supostas realizações de sua gestão. Antes do início do horário eleitoral, quando Nunes dava sinais de que poderia ficar fora do segundo turno, bolsonaristas chegaram a cogitar a possibilidade de apoiar Pablo Marçal (PRTB). O próprio ex-presidente e seu filho “Zero Dois”, o vereador Carlos Bolsonaro, acenaram a Marçal. O flerte não foi adiante.

Com o início do horário eleitoral, do qual tem direito a mais de 60% do tempo, Nunes se recuperou nas pesquisas falando apenas de ações na cidade. Está dando certo, e alguns de seus auxiliares defendem que ele deixe Bolsonaro ainda mais de lado na campanha.

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No Rio de Janeiro, a bola também está com o prefeito, Eduardo Paes, candidato à reeleição. Apesar de apoiado por Lula, ele não aceitou um petista como vice em sua chapa. Na campanha, também foge da polarização e trata dos assuntos da cidade. Segundo as pesquisas, Paes ganharia com folga no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Seu principal adversário, Alexandre Ramagem, que aposta na associação com Bolsonaro, só recentemente ultrapassou a marca de 10% nas pesquisas.

Em alta

No Recife, João Campos, que também é apoiado por Lula, mas não aceitou dar a vice para o PT, deve ganhar no primeiro turno. O candidato de Bolsonaro, por enquanto, não ameaça a reeleição dele. Em Belo Horizonte, o candidato à reeleição, Fuad Noman (PSD), que enfrenta nomes de Lula e Bolsonaro, cresceu com o início da propaganda eleitoral, enfatizando a gestão municipal, e ganhou força para chegar ao segundo turno.

Nos maiores colégios eleitorais, o eleitor, ao que parece, escolheu um caminho e está dando um recado, que, se bem-entendido, pode fazer Lula e Bolsonaro descerem do salto ato.

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