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Pré-candidato à reeleição, Cláudio Castro acelera inaugurações no Rio

Entre os compromissos do governador, estão até a reabertura de um Instituto Médico-Legal (IML) e lançamento de pedra fundamental de uma obra

Por Cássio Bruno 14 jul 2021, 17h24

Pré-candidato à reeleição em 2022 e na tentativa de se tornar mais conhecido da população fluminense, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), iniciou uma verdadeira maratona nas ruas. Desde janeiro deste ano, em plena pandemia de Covid-19, Castro participou de pelo menos 15 inaugurações, 21 lançamentos de programas e convênios com prefeituras em todo o estado, além de ter realizado visitas a obras e entrega de viaturas do Corpo de Bombeiros. O governador marcou presença ainda em eventos de lançamento de pedra fundamental e de distribuição de cartões com auxílio financeiro a famílias de baixa renda. Ele esteve até na reabertura de um Instituto Médico-Legal (IML) numa cidade do interior.

Castro, então vice-governador, assumiu o cargo após o impeachment do ex-governador Wilson Witzel (PSC) por suspeitas de corrupção. Ex-vereador e cantor de músicas religiosas, Castro é investigado pelo Ministério Público por suspeita de ter recebido propina de uma empresa que tinha contratos milionários com o governo, o que ele sempre negou. Ao ocupar o lugar de Witzel, o governador distribuiu cargos a deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Alguns parlamentares, inclusive, foram nomeados secretários no primeiro escalão de sua gestão. Castro também se aproximou de políticos conhecidos, como o ex-governador Anthony Garotinho. O objetivo é atrair o máximo de partidos à aliança eleitoral. Para a eleição do ano que vem, o governador trabalha para ter o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Entre as inaugurações, por exemplo, estão as do programa Segurança Presente em municípios do estado, de um ambulatório, de uma unidade da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), de um posto do Departamento de Trânsito (Detran) e de um terminal rodoviário. Em 3 de abril, Cláudio Castro foi à cerimônia de entrega do Hospital Modular de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, para atender pacientes infectados com o coronavírus. O encontro teve aglomeração de aproximadamente 200 pessoas. À época, um decreto publicado pelo próprio governo proibia a realização de reuniões, incluindo inaugurações. Vários políticos discursaram, entre eles o governador.

Entre fevereiro e abril, de acordo com o Portal da Transparência, do governo do Rio, Castro viajou 39 vezes de helicóptero, sempre acompanhado por sua comitiva ou, em duas oportunidades, pela família. Quem mais andou ao lado dele na aeronave foi o chefe de gabinete Rodrigo Abel, que registrou 36 voos. No portal, porém, não estavam disponíveis à consulta pública as viagens de helicóptero de Castro dos meses de maio e junho até o fechamento desta reportagem.

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Na última terça-feira, 13, Castro reuniu, no Palácio Guanabara, lideranças comunitárias do Complexo do Alemão, região populosa do Rio onde há muitas visitas de políticos durante a campanha eleitoral. No almoço, o governador recebeu demandas dos moradores do local. “Recebê-los aqui hoje é a grande prova de que estamos de braços abertos para que possamos voltar a fazer parte da vida da população”, declarou Castro no encontro.

Na sexta-feira passada, Castro lançou a pedra fundamental da obra de construção de um complexo de audiovisual em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos. Em seguida, Castro se descolou para Cabo Frio para a reabertura de um posto do IML. Políticos da cidade acompanharam. No último dia 2, Castro participou do lançamento do selo “Ande de Táxi Legal” – uma campanha do governo contra táxis piratas. Para atrair prefeitos à base política, o governador incluiu na agenda, entre outras iniciativas, assinaturas de convênios para execução de obras de infraestrutura em rodovias estaduais que cortam os municípios por meio do Departamento de Estradas de Rodagem (DER).  

VEJA apurou que o ritmo acelerado dos compromissos tem influência direta da equipe que cuida da estratégia eleitoral de Castro, comandada pelo ex-deputado federal Rodrigo Bethlem (ex-coordenador de campanha do ex-prefeito do Rio Marcelo Crivella). 

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“O governador Cláudio Castro é muito desconhecido da população. Ele precisa procurar espaço para ganhar visibilidade até as eleição. É difícil diante da fragilidade econômica e do orçamento escasso. O governo do Rio vive uma crise desde da gestão do ex-governador Luiz Fernando Pezão embora tenha feito o Acordo de Recuperação Fiscal com o governo federal. O próximo pleito já foi antecipado por conta do que aconteceu no plano federal na medida em que o ex-presidente Lula entrou no jogo e o presidente Bolsonaro também. E, consequentemente, essa antecipação ocorre nos estados”, afirmou Ricardo Ismael, cientista político e professor da PUC-RJ.

Ismael alerta: “O governador vai ser julgado pela população, que não é boba e ainda não está convencida de que ele esteja em condições de liderar o estado. Não basta só fazer inaugurações. As pessoas querem saber se Cláudio Castro, realmente, tem um projeto para o Rio. Ele estreou a sua gestão com aquela operação policial no Jacarezinho que foi bastante questionada. Terá de mostrar muito serviço para ganhar a confiança do eleitorado”.  

Procurado por VEJA, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) informou, em nota, que “não há unidade específica de fiscalização, com poder de polícia, constituída nos TREs antes do ano eleitoral”. Segundo o órgão, “a atribuição de fiscalização é, portanto, do Ministério Público Eleitoral”. O MP, por sua vez, atribuiu a responsabilidade à Procuradoria Regional Eleitoral (PRE). Já a procuradoria ressaltou que “não é necessariamente vedada a participação de pré-candidatos em inaugurações, eventos e afins” fora do período de campanha. “O que não pode é pedir votos ou fazer alusão às eleições”, lembrou a PRE.

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Cláudio Castro ainda não respondeu.

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