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Por que São Paulo pode decidir as eleições

Principal economia e maior colégio eleitoral do país, Estado é tratado como destino prioritário das campanhas à Presidência da República

Por Carolina Farina 4 ago 2014, 07h34

Desde o dia 6 de julho, pelo menos uma vez por semana o candidato do PSDB à Presidência, o mineiro Aécio Neves, realizou um evento de campanha em São Paulo. Já o pernambucano Eduardo Campos, do PSB, fez seis de suas dezesseis agendas públicas em solo paulista. A presidente-candidata Dilma Rousseff também já passou por São Paulo – na última quinta-feira, fez comício na Central Única dos Trabalhadores (CUT), em Guarulhos. Não é à toa que o Estado atrai a atenção dos presidenciáveis: com 31,9 milhões de eleitores, São Paulo é o maior colégio eleitoral do país – e um Estado decisivo no pleito nacional. Na primeira eleição sem que um dos principais candidatos tenha construído carreira política em território paulista, os postulantes ao Palácio do Planalto investem para tentar ganhar a preferência dos eleitores no Estado.

Com Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5 trilhão de reais, São Paulo responde por 31,25% da economia do país. Tamanho desenvolvimento assegura ao Estado forte influência no processo político. “Não há como imaginar que as demais regiões não enxerguem o que se vê em São Paulo”, afirma o cientista político Rui Tavares Maluf, segundo quem a visão política do Estado acaba se refletindo pelo país. O desenvolvimento econômico do Estado também torna seu eleitor mais complexo: “É um eleitor que foge à leitura simplificada de propostas e tem, muitas vezes, uma visão de oposição ao PT”.

Para Aécio e Campos, que instalaram seus comitês centrais de campanha na capital paulista, é estratégico reforçar a presença em um Estado tradicionalmente resistente ao PT: em 2010, José Serra (PSDB) venceu Dilma Rousseff no primeiro turno por uma margem superior a 780.000 votos – o tucano amealhou 40,66% dos votos paulistas, ante 37,31% da petista. Já Marina Silva, hoje vice na chapa de Campos, obteve 20,77% dos votos em São Paulo. Na ocasião, o Estado foi decisivo para levar o pleito para o segundo turno. Em 2014, pelo que indicam as pesquisas, não será diferente. Sozinho, São Paulo tem três vezes mais eleitores do que o Centro Oeste e o Norte do país – e cerca de 6 milhões a menos do que os nove Estados do Nordeste.

Principal cabo eleitoral de Dilma, o ex-presidente Lula tem feito campanha a todo vapor. Por enquanto, sua prioridade é promover a candidatura de Alexandre Padilha (PT) ao governo – além de tentar socorrer o prefeito Fernando Haddad, cuja gestão é reprovada por 47% dos paulistanos. Segundo pesquisa Datafolha divulgada em 17 de julho, o Estado é um dos principais focos de rejeição à presidente Dilma. Em São Paulo, 47% dos eleitores não votariam em Dilma, índice acima da média nacional, de 35%. Na capital paulista, a resistência à presidente é ainda maior: 49% rejeitam a petista.

Diante desse quadro, a campanha de Aécio tenta “colar” o presidenciável ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) – e, com isso, tentar uma carona nas cerca de 50% de intenções de voto do governador. Nesta primeira fase da corrida ao Palácio do Planalto, pelo menos uma vez por semana a dupla deve dividir o palanque em eventos na capital ou no interior. “Não há ninguém que acompanhe a cena política brasileira que não diga uma palavra de respeito e admiração pelo mais competente e aprovado governador do Brasil, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin”, disse Aécio em caminhada com o aliado em M’Boi Mirim, no extremo Sul da capital, no dia 19 de julho. O senador mineiro aposta no potencial de transferência de votos de Alckmin para alavancar o próprio desempenho. “A importância de São Paulo nesta eleição é imensa”, admitiu o presidenciável em sabatina realizada no dia 16 pelo jornal Folha de S.Paulo. Foi justamente na capital paulista que Aécio abriu a campanha, em 6 de julho – claro, ao lado de Alckmin. E também em São Paulo que o PSDB lançou a candidatura do mineiro ao Planalto. A preferência pelo Estado, aliás, começou antes da campanha, quando Aécio escolheu o senador paulista Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), conhecido pelo bom trânsito com prefeitos do interior, para vice na sua chapa.

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Assim que deixou o governo de Pernambuco para disputar as eleições presidenciais, em abril, Eduardo Campos fixou residência em São Paulo e trouxe sua equipe de campanha para viver na capital paulista. Desde então, ele ocupa um flat em Moema, na Zona Sul de São Paulo. Campos decidiu instalar o comitê central de sua campanha na capital paulista. De acordo com o coordenador da campanha e secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, a escolha de São Paulo para abrigar o comitê central deve-se tanto à importância política do Estado quanto à localização geográfica. “São Paulo é a maior cidade do país e tem uma posição geográfica interessante para se deslocar pelo território brasileiro, além da importância politica e cultural”, explica. Somados à estrutura na capital, a campanha de Campos vai instalar no interior do Estado quarenta comitês batizados de “Edualdo”, que apoiam na esfera estadual o tucano Geraldo Alckmin – o PSB indicou o vice na chapa tucana em São Paulo.

Com um eleitorado de voto tradicional – seja na capital e no interior, onde o PSDB leva vantagem, ou no litoral e ABC, redutos petistas -, a campanha em São Paulo demanda dos candidatos maior investimento na manutenção de sua base de eleitores – e menos gasto de energia com grupos que os rejeitam. Os números que fazem de São Paulo o maior colégio do país, porém, representam mais um desafio para as campanhas: conquistar os indecisos. Eles são, em média, 14% dos eleitores do Estado, segundo pesquisas. Esse porcentual representa 5 milhões de votos a serem conquistados. E faz desse grupo o fiel da balança em um Estado decisivo.

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(Com reportagem de Bruna Fasano e Talita Fernandes)

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