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Polícia prende cabos eleitorais que faziam propaganda para vereador no Rio

Presos faziam campanha irregular para Marcello Siciliano em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, área controlada pela milícia

Por Marina Lang Atualizado em 15 nov 2020, 17h11 - Publicado em 15 nov 2020, 13h24

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu em flagrante cinco cabos eleitorais do vereador Marcello Siciliano (Progressistas), que faziam campanha irregular para o parlamentar em Santa Cruz neste domingo, 15, na Zona Oeste da cidade, bairro que é controlado pelas milícias. A lei eleitoral proíbe propaganda de políticos no dia das eleições.

Procurados por VEJA, nenhum dos membros da equipe de campanha do vereador foi localizado para comentar o assunto. Siciliano também não foi localizado.

O parlamentar chegou a prestar depoimento no contexto das eleições do Rio à Polícia Civil em 26 de outubro. No entanto, a pedido de sua defesa, a Justiça Eleitoral decretou sigilo no processo.

Os cinco cabos eleitorais presos foram encaminhados à 36ª DP, também em Santa Cruz. VEJA teve acesso a dois dos depoimentos. Em um deles, uma mulher confessa que foi convocada a fazer propaganda eleitoral para Siciliano em troca de 50 reais. Ela acrescentou que não sabia que a atividade era ilegal e que aceitou a proposta porque está desempregada e precisava do dinheiro.

(Polícia Civil/Reprodução)

Em seguida, os cinco presos em flagrante serão encaminhados à Superintendência da Polícia Federal no Rio, que é responsável por autuar crimes eleitorais no Brasil.

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Equipe do Departamento Geral de Polícia Especializada da Polícia Civil apreendeu uma prancheta de controle com nomes e telefones de cabos eleitorais que iriam atuar hoje na campanha de Siciliano, além de material de campanha (santinhos) e um carro usado pelos cabos eleitorais do vereador. Em depoimento, o dono do carro apreendido no qual estavam os materiais de campanha disse que é gari da Companhia de Limpeza Urbana do Rio (Comlurb), mas que não é filiado a nenhum partido político.

Lista de controle de supostos cabos eleitorais ligados à campanha do vereador Marcello Siciliano (Polícia Civil/Divulgação)

O quinteto será autuado pelo crime de boca de urna, cuja pena é detenção de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa.

VEJA antecipou com exclusividade no mês passado que a Polícia Civil do Rio faria uma operação para combater a atuação das milícias no dia das eleições no Rio.

A reportagem também mostrou algumas regiões em que somente a campanha de Siciliano entrava na Zona Oeste do Rio – para as autoridades, um candidato único em determinados bairros significa a atuação de grupos criminosos impedindo demais candidatos de entrar nessas localidades.

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Ele é um dos mais ferrenhos aliados do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que concorre à reeleição. Siciliano declarou à Justiça Eleitoral ter, em mãos, quase meio milhão de reais em dinheiro vivo – mais precisamente 460.000 reais – de seu patrimônio de 1,1 milhão de reais.

Vereador na Câmara do Rio, Siciliano ganhou fama nacional quando foi relacionado como suposto mandante das mortes da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018 no Estácio, região central do Rio.

Ele, que foi investigado no inquérito que apura o duplo homicídio, sempre negou as acusações de envolvimento no atentado contra a parlamentar. Segundo as investigações, reveladas pelo site The Intercept Brasil, o vereador mantinha contato frequente com pessoas ligadas diretamente ao PM reformado Ronnie Lessa.

Junto ao ex-PM Élcio de Queiroz, eles são os réus apontados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio como os executores da vereadora e de seu motorista. Lessa teria atirado, enquanto Élcio estaria dirigindo o carro Chevrolet Cobalt prata clonado usado na emboscada.

A polícia ainda não concluiu as investigações e não apontou quem mandou matar a vereadora, tampouco o porquê. Ontem, o crime completou 2 anos e 8 meses sem essas respostas.

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