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PMDB terá líder ‘aecista’ na Câmara dos Deputados

Leonardo Picciani e Lúcio Vieira Lima disputam o cargo, que já foi de Eduardo Cunha. Ambos apoiaram Aécio Neves na corrida eleitoral do ano passado

Por Marcela Mattos e Gabriel Castro, de Brasília
10 fev 2015, 13h04

Faltando dois dias para o segundo turno da eleição presidencial, em outubro passado, uma conversa entre dois peemedebistas confundia-se com discurso de opositores da presidente Dilma Rousseff: “Não estou entendendo mais nada que a Dilma está falando. Sou eu ou ela?”, questionou, pelo Twitter, o deputado Lúcio Vieira Lima (BA). “Ninguém entende. Muito confusa e inconsistente”, apressou-se em responder o correligionário Leonardo Picciani (RJ). Os parlamentares comentavam sobre o desempenho da presidente no último debate contra o tucano Aécio Neves (PSDB-MG), para quem fizeram campanha em suas bases eleitorais.

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Quase quatro meses depois, um dos dois deputados aecistas será o próximo líder do PMDB na Câmara – sinal do quanto deve ser conturbada a relação do governo com a bancada do partido na Casa em um ano que começa com a economia em frangalhos e com a popularidade de Dilma atingindo a pior avaliação desde que ela assumiu a Presidência da República. A eleição do próximo comandante da bancada será na manhã desta quarta-feira.

A promoção de um peemedebista rebelde ao comando do partido soma-se ao constrangimento causado pela vitória avassaladora do então líder do PMDB Eduardo Cunha (RJ) sobre o petista Arlindo Chinaglia (SP) na disputa pela presidência da Câmara. Já na primeira semana à frente do posto, Cunha emparedou o governo fazendo avançar a tramitação de um projeto de reforma política rechaçado pelos petistas, e agora articula aprovar proposta que impede a fusão do PSD com o PL, partido cuja formação é articulada pelo ministro Gilberto Kassab (Cidades) para minar a hegemonia do PMDB na Casa.

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Nenhum dos possíveis sucessores de Cunha mostrou qualquer resistência às propostas. Eles defendem ainda outra medida que bate de frente com as pretensões do Planalto: fazer entrar em vigor a correção da tabela do Imposto de Renda em 6,5%, como proposto pelo DEM. O trecho foi vetado pela presidente Dilma Rousseff sob o argumento de que “levaria à renúncia fiscal na ordem de bilhões de reais, sem vir acompanhada da devida estimativa do impacto orçamentário-financeiro”.

“Eu pretendo adotar a mesma sistemática da bancada sob a liderança do Eduardo Cunha. Nas matérias em que o PMDB adotou posição favorável em plenário, é obvio que aqui trabalharemos pelo veto”, afirma o candidato Leonardo Picciani, que lembra: o partido foi favorável à mudança na correção na tabela do IR.

Já Lúcio Vieira Lima tem, historicamente, posição ainda mais dura contra o Planalto: ele defende que o PMDB não ocupe nenhum ministério no governo Dilma e assume o papel de porta-voz do partido quando o assunto são as críticas à petista. “A presidente não foi eleita pela maioria do povo brasileiro. Quando se tem uma diferença tão pequena, as urnas sinalizam que o país não quer esse governo centralizador e totalitário”, disse, em entrevista ao site de VEJA, em novembro.

“Tudo vai depender essencialmente do tratamento que o governo está reservando para o PMDB. Todos nós do partido nos ressentimos com o tratamento do governo. Eu acho que deveria existir mais diálogo e mais participação. A gente só sabe das coisas quando aconteceram. O PMDB nunca é convidado para formular políticas públicas”, afirma o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI). Ele, tido como um parlamentar mais alinhado ao Planalto, chegou a cogitar entrar na disputa pela liderança, mas retirou a candidatura após um acordo em torno do nome de Lúcio Vieira Lima.

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Acordos – Os adversários de Picciani dizem trabalhar contra uma hegemonia fluminense nos postos importantes do partido. Além de ter o presidente da Câmara, o PMDB do Rio de Janeiro tem o principal governador do PMDB (Luiz Fernando Pezão) e o principal prefeito (Eduardo Paes, potencial candidato à Presidência da República pela sigla). Internamente, Picciani já trabalha para lançar-se à prefeitura do Rio em 2016, e vê a liderança como uma possibilidade de abrir portas para vereadores e mais poder sobre as emendas parlamentares.

Mas, além de pedir a divisão geográfica do poder, os peemedebistas contrários a Picciani temem que o colega atue em defesa de outros interesses que não os da bancada. “O Picciani é o Sérgio Cabral, é o Pezão. Queremos um nome que garanta a permanência da autonomia que tivemos com a liderança do Eduardo Cunha no ano passado”, diz Danilo Forte (PMDB-CE).

Contra Picciani, três deputados aceitaram retirar a candidatura e apoiar Vieira Lima: Marcelo Castro (PI), Danilo Forte (CE) e Manoel Júnior (PB). Ex-líder da legenda, Eduardo Cunha chegou a atuar para evitar um racha na bancada com a disputa interna. Para convencer os candidatos a apoiarem um nome único e decidirem o líder por aclamação, ele chegou a oferecer cargos importantes. Marcelo Castro, que desistiu da briga, será o relator da comissão que tratará da reformulação do sistema político. E o derrotado na disputa pela liderança deve ser convidado a comandar a Comissão Parlamentar de Inquérito.

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