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PF prende Joesley e vice-governador de MG em desdobramento da Lava Jato

Operação investiga suspeitas de corrupção no Ministério da Agricultura; Antônio Andrade (MDB) comandou a pasta no governo de ex-presidente Dilma Rousseff

Por Da Redação
Atualizado em 9 nov 2018, 14h54 - Publicado em 9 nov 2018, 07h42

A Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã desta sexta-feira, 9, o empresário Joesley Batista, do grupo J&F, e o vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade (MDB). Ao todo, são dezenove alvos de mandados de prisão temporária, com previsão inicial de cinco dias, na Operação Capitu, realizada em parceria com a Receita Federal. Outros dois delatores da J&F, Ricardo Saud e Demilton Castro, também foram presos.

Trata-se de um desdobramento da Operação Lava Jato que, com base em delação premiada do doleiro Lúcio Funaro, investiga suspeitas de corrupção no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Andrade foi ministro da Agricultura durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), antes de ser eleito vice na chapa do governador Fernando Pimentel (PT) em 2014. Seu sucessor na pasta, o deputado estadual eleito Neri Geller (PP-MT), também foi alvo da operação.

“Esse grupo dependia de normatizações e licenciamentos do Mapa e teria passado a pagar propina a funcionários do alto escalão do ministério em troca de atos de ofício, que proporcionariam ao grupo a eliminação da concorrência e de entraves à atividade econômica, possibilitando a constituição de um monopólio de mercado”, diz nota da PF. De acordo com as investigações, redes de supermercados e escritórios de advocacia teriam sido utilizados para a lavagem de dinheiro do esquema.

Ao todo, são 62 mandados de busca e apreensão nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba e Mato Grosso.

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O órgão cita a participação de um deputado federal, que intermediava as relações entre Joesley Batista e as lideranças do Ministério. Em delação premiada em 2017, Joesley confessou ter pago propina a servidores da área através do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso desde 2016.

As investigações da PF mostram que parte dos valores, cerca de 30 milhões de reais, foi utilizada em campanha para a Presidência da Câmara, sendo que, desse total, 15 milhões teriam sido direcionadas para a bancada mineira. Também em sua colaboração, Joesley relatou ter repassado esse dinheiro para a vitória de Cunha em 2015, que o teria repassado para subornar outros parlamentares em troca de apoio.

Na época, Andrade já não era deputado federal, mas presidia o diretório estadual do MDB em Minas Gerais. Nas eleições de 2018, o vice-governador disputou uma cadeira no Congresso Nacional, mas não foi eleito. Seu partido não apoiou a reeleição de Pimentel e lançou a candidatura de Adalclever Lopes (MDB), que terminou a disputa em quarto lugar.

A PF atribui a escolha do nome a uma interpretação feita do comportamento da personagem Capitu, do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. “[Os suspeitos] teriam praticado atos de obstrução de Justiça, prejudicando a instrução criminal, com o objetivo de desviar a PF da linha de apuração adequada ao correto esclarecimento dos fatos.  Daí o nome da operação, ‘Capitu’, a personagem dissimulada da obra-prima de Machado de Assis”

Em nota, o advogado André Callegari, que defende Joesley Batista, afirmou que seu cliente é “colaborador da Justiça e tem cumprido à risca essa função”. “Portanto, causa estranheza o pedido de sua prisão no bojo de um inquérito em que ele já prestou mais de um depoimento na qualidade de colaborador e entregou inúmeros documentos de corroboração. A prisão é temporária e ele vai prestar todos os esclarecimentos necessários”, disse. Procurado por VEJA, o governo de Minas Gerais não se pronunciou até o momento.

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