Pesquisadores duvidaram do Ipea assim que dados sobre estupro foram revelados
Segundo chefe da gabinete do Instituto, duas colunas de uma planilha de Excel teriam sido trocadas. “Vários erros foram encontrados no meio do caminho”
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) começou a ser questionado sobre possíveis erros na pesquisa que concluiu que a maioria da população brasileira acha que mulheres que mostram o corpo merecem ser atacadas assim que o levantamento foi divulgado na semana passada. Pesquisadores telefonaram para o instituto, ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), no mesmo dia em que os dados errados foram levados a público, o que levou a autarquia cogitar rever todas as planilhas e gráficos da pesquisa “Tolerância social à violência contra as mulheres”. Com a varredura, “vários indícios de erro foram encontrados no meio do caminho”, disse ao site de VEJA o chefe de gabinete do ministro Marcelo Neri, Sergei Soares. Neri, além de ministro, também acumula o cargo de presidente do instituto.
“Quando a pesquisa saiu, pesquisadores formais e informais ligaram falando que os números estavam estranhos e poderiam estar errados. Começamos a procurar no mesmo dia. Indícios de erros foram encontrados no meio do caminho e ontem [quinta-feira] terminou o processo de procura do erro”, afirmou. “Foi um longo processo de consolidação de dados e gráficos. Mas consideramos uma semana um prazo relativamente rápido pela quantidade de dados da pesquisa”, informou o chefe de gabinete.
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Técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Soares afirmou que o equívoco foi ocasionado pela troca de duas colunas de uma planilha de Excel, o que havia levado o Ipea afirmar que 65,1% dos entrevistados apoiariam ataques a mulheres que usam roupas que mostram o corpo. O percentual correto é de 26%. A troca de cifras levou o pesquisador Rafael Osorio, da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais, a perder o cargo de confiança que ocupava na diretoria. Ele continua com o posto de pesquisador do Ipea. Também autora do estudo, Natália Fontoura, não foi considerada responsável pelo erro e, como consequência, não foi punida.
De acordo com o Soares, os dados foram revisados assim que compilados pela pesquisa, mas o erro não foi detectado de imediato pelo autor do levantamento. Depois que os dados são agrupados, não é feita qualquer contraprova para ver se os números são factíveis. “Se houvesse contraprova não teríamos errado”, disse. “Erros acontecem, mas temos que fazer o possível para que não ocorram”, completou.