Peru: após negar, ex-ministro admite encontro com Dirceu e consultora
Depois de VEJA revelar vídeos, Javier Velásquez Quesquén recua e afirma não ter reconhecido a parceira de negócios do mensaleiro no país
O ex-presidente do Conselho de Ministros do Peru, Javier Velásquez Quesquén, do Partido Aprista Peruano (Apra), recuou de afirmação anterior e admitiu nesta quarta-feira ter recebido em reunião o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT), em encontro agendado pela parceira de negócios do petista no país, a brasileira Zaida Sisson de Castro. Dirceu foi preso na Operação Lava Jato e Zaida é alvo de investigação por suspeita de lavagem de dinheiro com o petista. Ela recebeu ao menos 378.785 reais da empresa de consultoria de Dirceu e cerca de 180.000 dólares da filial peruana da Galvão Engenharia, por serviços de consultoria.
Velásquez Quesquén havia negado ter recebido a consultora em seu gabinete, mas mudou a versão depois que o site de VEJA revelou vídeos do encontro, em novembro de 2009, durante o segundo governo do ex-presidente Alan García. A audiência oficial precedeu uma visita de Estado do ex-presidente Lula.
Primeiro, o atual parlamentar aprista disse que conhecia Zaida porque ela é mulher do ex-ministro da Presidência do Peru Rodolfo Beltrán, que é amigo pessoal de Alan García. “Sim, eu a conheço porque quando o Beltrán foi ministro no primeiro governo do APRA ele foi com sua esposa a Chiclayo, onde eu era dirigente universitário. Mas daí que eu a tenha recebido em meu gabinete para intermediar qualquer tipo de contratação para nada”, disse ao jornal El Comércio.
Agora, ele voltou atrás e afirmou ao jornal que não sabia quem era Zaida Sisson – algo no mínimo improvável, uma vez que Velásquez Quesquén já havia sido apresentado a ela antes, e a brasileira tinha trânsito no alto escalão do governo peruano, além de proximidade com o então presidente Alan García.
“Eu não sabia que ela era a Zaida Sisson. Nunca trocamos uma palavra. Quando alguém recebe uma personalidade como o senhor Dirceu não se atenta para a comitiva que o acompanha. A reunião foi pública e protocolar. Eu o recebi porque era ex-ministro do Brasil e ex-presidente do PT. Falamos sobre experiências de governo”, disse.