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“Para me derrotar, só no primeiro turno”, diz Freixo

Candidato a prefeito pelo PSOL afirma ser contra a meritocracia e avisa que vai mexer no Carnaval carioca

Por Luisa Bustamante e Thiago Prado
Atualizado em 23 set 2016, 18h36 - Publicado em 9 set 2016, 15h30

Deputado estadual mais votado do país em 2014, Marcelo Freixo (PSOL) enfrenta sua segunda campanha para a prefeitura do Rio de Janeiro sem nenhuma aliança política e com o tradicional apoio da classe artística, incluídos neste rol Caetano Veloso, Chico Buarque e Wagner Moura. Com pouco tempo de TV – onze segundos por dia –, ele aposta no rosto conhecido e em sua proeminência na esquerda carioca para vencer.

Faz sentido a esquerda caminhar separada no Rio? Sim. É verdade que a Jandira Feghali (candidata do PC do B apoiada pelo PT) defende para a cidade propostas parecidas com as minhas, mas já fez parte do governo do Eduardo Paes. E essa posição só mudou recentemente, com o impeachment. Já o (Alessandro) Molon é uma aposta da Rede, que tem no Rio um lugar estratégico.

Então nunca lhe ocorreu unir forças nesta campanha? O PSOL foi o partido que mais cresceu no Rio. Tem a segunda maior bancada na Câmara dos Vereadores. Somos maiores que o PSDB. Eu não teria como não sair candidato. Muitos no PMDB me dizem que para me derrotar, só no primeiro turno. Eu concordo.

O senhor é crítico contumaz do prefeito Eduardo Paes. Por quê? Eduardo tem uma concepção autoritária da cidade. Aquela cena dele entrando na casa da moradora da favela da Babilônia e falando aberrações é igual a de um senhor de engenho entrando na senzala. Uma coisa das mais violentas e bizarras que já vi na minha vida. Ali é ele em estado bruto, sem marketing. É o Eduardo Paes sem o Renato Pereira (publicitário responsável pelas campanhas do PMDB).

O que achou da Olimpíada? Foi ótima, mas houve problemas. Mostrou que se o poder público pode fazer um evento deste tamanho, então também é capaz de entregar saúde, educação e mobilidade melhores. Mas a gente precisava ter 43% das escolas sem quadra poliesportiva? Precisava haver tantas remoções?

Uma das empresas que participou destas remoções demolindo casas doou recursos para a sua campanha em 2012. Não é uma contradição? O caso só veio à tona porque está tudo declarado. A empresa não havia demolido nada ainda. A contratação para que eles pusessem abaixo a Vila Autódromo foi feita depois.

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Com a Olimpíada, a capacidade do transporte público quintuplicou na cidade. É justamente o que o senhor defende, certo?
Ônibus não é transporte de massa. O BRT podia ser feito sobre trilhos e não sobre rodas, para agradar a Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro).

O senhor sabe quanto custaria fazer todo o trajeto do BRT sobre trilhos? Não, mas acho que é prioritário e, sendo assim, haveria dinheiro.

Sendo um defensor de forte presença do estado, o senhor é contra negócios como o Uber? Acho que tem que regularizar. O Uber é mais barato, mas isso acaba sendo desleal. Eles não pagam impostos. Enquanto isso, o motorista de táxi tem cinco vistorias por ano. Temos que enfrentar também a máfia das diárias. Há quem tenha 200 táxis e isso é ilegal.

Como o senhor se posiciona em relação à meritocracia nas escolas públicas, alvo constante dos sindicatos fluminenses? Sou contra porque ela amplia a desigualdade. Uma escola na Zona Sul tem as mesmas condições de uma escola na Maré? Enfrenta tiro todo dia? Então não dá para premiar quem parte de uma situação tão vantajosa.

Quando se fala em meritocracia na educação, ninguém espera que um professor ganhe menos, mas, sim, que os mais esforçados e eficazes recebam mais. Não é justo? Não acho. As escolas em situação desfavorável é que deveriam receber mais recursos.

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O senhor tiraria a Liga das Escolas de Samba do comando do carnaval? O governo vai cumprir um papel maior do que cumpre hoje. Prefiro até que a prefeitura organize o evento, mas não tenho clareza se tem condições de fazer isso. Se há 1 milhão de reais para escolas de samba todo ano, tem que ter prestação de contas. E por que a TV Brasil não é autorizada a cobrir o carnaval numa abordagem diferente?

Porque a Globo paga pelos direitos de transmissão… Sim, mas isso se negocia. Não precisa tirar o carnaval da Globo. Basta que se faça uma cobertura na TV Brasil para além dos interesses imediatos.

O candidato de Paes, Pedro Paulo, foi acusado de agredir a ex-mulher, mas o caso acabou arquivado no STF. O senhor pretende bater nesta tecla na campanha? O Pedro Paulo veio a público dizer que agrediu a ex-mulher porque perdeu a cabeça. Chegou a pedir desculpas numa cena das mais constrangedoras que já vi na vida. Foi descoberta uma segunda agressão, e ele pediu desculpas novamente. Aí, de repente, a história é outra: ela era a agressora e ele, o agredido, vítima de uma armação. Não dá para engolir. Por isso, vou trazer o assunto para debate.

*Participaram da entrevista Cecília Ritto, Leslie Leitão, Luísa Bustamante e Monica Weinberg

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