O clima no Palácio da Alvorada era de celebração na quinta-feira à noite, depois de a presidente Dilma Rousseff bater o martelo sobre a divisão de ministérios, neutralizando o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e colocando em seu lugar Jaques Wagner, que comandava a pasta da Defesa. A troca de cadeiras petistas na Casa Civil era vontade de Lula desde antes da reeleição e se tornou iminente com o agravamento da crise política. Mercadante nunca esteve entre os maiores afetos de Lula e sua saída do posto mais influente no Planalto era encarada como uma forma de retomada de poder do ex-presidente sobre o governo da sucessora. Ele ainda emplacou Ricardo Berzoini na articulação com o Congresso. Daí a razão da satisfação do ex-presidente em conversas após a reunião no Alvorada. Restou apenas uma queixa: Lula conseguiu chutar Mercadante, mas não Levy. O ex-presidente passou horas na quinta-feira tentando convencer Dilma a aproveitar as mudanças para colocar Henrique Meirelles no lugar do atual ministro da Fazenda. Apesar de manter encontros frequentes com Lula, Nelson Barbosa, atual titular do Planejamento e antagonista de Levy, não seria o herdeiro da pasta da Fazenda. Mas a ideia da troca não lhe desagrada, dizem interlocutores do ministro do Planejamento. Ele e Meirelles teriam, afinal, o mesmo padrinho a quem recorrer em momentos de aperto. (Ana Clara Costa, de Brasília)