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Para defender Lula, ex-ministro diz que Lava Jato ‘demonizou’ lobby

À CPI do BNDES, Miguel Jorge tentou explicar os e-mails em que confirma que o ex-presidente atuou pela Odebrecht na África

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 out 2015, 16h05

O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Miguel Jorge minimizou nesta terça-feira a atuação do ex-presidente Lula em favor da empreiteira Odebrecht, interessada em participar da construção de uma hidrelétrica na Namíbia, e declarou em depoimento à CPI do BNDES, na Câmara dos Deputados, que a prática de lobby foi “demonizada” depois do estouro da Operação Lava Jato, que investiga o esquema bilionário de corrupção envolvendo fraudes em contratos com a Petrobras e pagamento de propina a agentes públicos.

A análise das trocas de e-mails entre o empresário Marcelo Odebrecht, preso na Lava Jato, e executivos da empreiteira revela a proximidade da empresa com o ex-presidente Lula e com integrantes do governo petista na defesa dos interesses da construtora em negócios dentro e fora do Brasil. A Polícia Federal encontrou um e-mail em que Odebrecht e dois executivos da empreiteira, Marcos Wilson e Luiz Antonio Mameri, conversam com o então ministro Miguel Jorge, que confirma que Lula fez lobby para a empreiteira no país africano. “Miguel Jorge afirma que esteve com os presidentes (do Brasil e da Namíbia) e que ‘PR fez o lobby’, provável referência ao presidente Lula”, registra análise prévia feita pela PF. Na conversa, o objeto do lobby seria a hidrelétrica Binacional Baynes, que envolvia um consórcio brasileiro formado pela Odebrecht, a Engevix – duas empreiteiras acusadas de corrupção na Lava Jato – e as estatais Eletrobras e Furnas, em um investimento de 800 milhões de dólares.

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“Eu também mascateei o Brasil pelo mundo inteiro. E fiz o que é chamado no mundo todo como diplomacia comercial. Esse e-mail é parte desse processo. Deveria ter substituído o termo por diplomacia comercial? Talvez, e volto a dizer que a palavra lobby foi demonizada”, disse.

Aos deputados da CPI do BNDES, Miguel Jorge criticou a atual utilização da palavra lobby para definir a atuação de operadores do petrolão, como Fernando Baiano ou Julio Camargo, e disse, sem citar os nomes dos investigados na Lava Jato, que a atuação deles é “criminosa” e não de lobista.

“O que temos visto são ações que estão previstas no Código Penal. Há vários projetos para oficializar o lobby no Congresso. Já tarda em que nos preocupemos em regulamentar a profissão. [Fazer lobby] É uma profissão honesta. Não se pode confundir ação de lobby com ação de crime”, disse. Jorge negou ter viajado em jatos pagos por empresas, mas se recusou a comentar as suspeitas de que o ex-presidente Lula tenha recebido favores de empresas investigadas na Lava Jato em troca de lobby internacional em favor das empreiteiras. Ele negou ser amigo pessoal do político petista, embora o conheça há cerca de 40 anos, e disse que não comentaria assuntos que extrapolassem a função dele como ex-ministro do Desenvolvimento.

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Questionado pelo deputado Alexandre Baldy sobre a atuação específica de Lula, que recebeu dinheiro de empreiteiras para proferir palestras e ao mesmo tempo atuar em favor das mesmas empresas, Miguel Jorge foi evasivo: “o presidente Clinton já veio ao Brasil várias vezes e cobra 300 mil dólares por palestra”.

Em depoimento à CPI do BNDES, o ex-ministro disse que “não vai dar mais para usar a palavra lobby no Brasil depois desse um ano e meio. Lobby é a tentativa de convencimento por meios lícitos. É a reunião pública que pode ser gravada, acompanhada por jornalista, divulgada”, disse. Ele citou que é comum que chefes de Estado e de governo atuem em defesa de empresas nacionais e afirmou que os ex-presidentes Bill Clinton e Nicolas Sarkozy, por exemplo, fizeram lobbies junto ao Brasil em defesa de companhias americanas e francesas.

“A primeira informação que tive de lobby foi com a rainha Elizabeth II na década de 70, quando ela veio ao Brasil vender aviões ingleses. Em uma concorrência muito acirrada sobre equipamentos para o Sivam, em 1993, o presidente Itamar disse que o presidente Clinton ligou duas vezes para ele porque estava defendendo 30.000 empregos americanos. Clinton seria acusado de fazer lobby? Não poderia. Vi Sarkozy tentar nos convencer das excelências do [caça] Rafale. E vi o rei Gustav da Suécia tentar nos convencer também de que era muito melhor comprar um [caça] Gripen do que um Rafale”, relatou.

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Na época da divulgação do email sobre o lobby internacional em favor da companhia, a Odebrecht disse que “os trechos de mensagens eletrônicas divulgados apenas registram uma atuação institucional legítima e natural da empresa e sua participação nos debates de projetos estratégicos para o País – nos quais atua, em especial como investidora”.

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