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Os encontros entre a ex de Bolsonaro e um enrolado lobista de Brasília

Peça-chave no caso da rachadinha, Ana Cristina Siqueira Valle, a Cristina Bolsonaro, está de mudança para a capital federal e já circula entre os poderosos

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jan 2021, 19h01 - Publicado em 30 jan 2021, 08h00

Em dezembro do ano passado, a presença da ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, chamou atenção em um almoço oferecido tradicionalmente às sextas-feiras em uma luxuosa casa do Lago Sul, região nobre de Brasília. O local costuma ser frequentado por políticos, presidentes de partidos e empresários, todos estrategicamente convidados pelo lobista Silvio de Assis, famoso por ajudar seus clientes a abrir portas no governo federal.

Assis tem um passado nebuloso. Em maio de 2018, ele foi preso pela Polícia Federal numa operação que investigava a venda ilegal de registros sindicais no Ministério do Trabalho. De acordo com a acusação, cobrava milhões de seus clientes para agilizar a aprovação dos registros. O lobista é investigado por corrupção e lavagem de dinheiro e também responde a uma dezena de processos por dar calote em funcionários.

A convidada especial daquele dia também tem pendências na Justiça. Cristina é personagem central na investigação sobre a rachadinha, que apura o desvio do salário de funcionários dos gabinetes dos filhos Carlos e Flavio Bolsonaro. Enquanto vivia com Bolsonaro, ela própria trabalhou com o vereador Carlos, e o Ministério Público apura uma rede familiar de funcionários-fantasmas, todos eles parentes de Cristina, que teriam sacado e devolvido 4 milhões de reais para a família.

Cristina continua morando em Resende, no Rio de Janeiro, mas planeja mudar para a capital federal nos próximos dias. Ela foi levada à casa do lobista por um primo, que é empresário no ramo de asfaltos, e, sentada à mesa, expressou a sua intenção de ser candidata a deputada federal em 2022. A afirmação não foi à toa. Silvio de Assis é conhecido em Brasília por ajudar a arrecadar recursos e a construir pontes entre candidatos e doadores de campanhas – um ativo e tanto para ela, que em 2018 até tentou uma vaga na Câmara, mas recebeu menos de 5.000 votos e não se elegeu.

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Questionada, Cristina negou que tenha sido firmada alguma parceria. “Amiga, eu nem sei o que o Silvio faz da vida. Também não me interessei porque é deselegante você perguntar para a pessoa. Você está lá na casa dela almoçando e vai perguntar: ‘O que você faz da sua vida’?. Fui uma vez só, foi um almoço de no máximo uma hora e meia e fui embora”.

Já Silvio de Assis apresentou algumas versões diferentes. Acompanhado de um advogado, ele inicialmente disse que somente reunia amigos pessoais e familiares em sua casa. Ao ser confrontado com a lista de visitantes, limitou-se a dizer que a ex de Bolsonaro apenas foi “uma ou duas vezes”. “Talvez ela queira algum relacionamento, conhecer as pessoas, né? Mas não tenho interesse nenhum ali, principalmente porque não vejo liga, popularmente falando”, desconversou.

Oficialmente, a ex de Bolsonaro diz que está de mudança para Brasília para estar mais próxima do filho, Jair Renan, o Zero Quatro de Bolsonaro. Na prática, os planos de Cristina são bem mais ambiciosos do que ajudar o caçula. A ideia é já pavimentar a sua carreira política pegando carona na popularidade do presidente da República. Cristina, que concorreu nas eleições passadas pelo Podemos, promete deixar a legenda e se filiar ao mesmo partido que Jair Bolsonaro estiver.

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A proximidade poderia denotar uma boa relação entre o ex-companheiro, mas Cristina e o presidente da República tiveram um rumoroso rompimento. Em 2007, após dez anos de união estável, a ex de Bolsonaro ingressou na Justiça alegando ter sofrido ameaças e apontando para uma “desmedida agressividade” do companheiro, o que teria motivado uma fuga de última hora para a Noruega levando o filho Jair Renan. Cristina ainda apontou para irregularidades nas finanças do então deputado federal. Segundo ela, o casal mantinha uma “afortunada condição de vida” e os proventos de Bolsonaro, à época, correspondiam a mais do que cem mil reais. Hoje, com a ex no centro das acusações da rachadinha, as acusações fazem todo o sentido.

Bolsonaro jamais questionou as investidas e trapalhadas da ex-companheira – certamente temendo o seu potencial destrutivo, que no próximo mês estará ainda mais perto.

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