Oposição obtém acordo e Mercadante falará à Câmara
Convite ao ministro será aprovado na quarta-feira, na Comissão de Fiscalização e Controle. Governo cedeu para evitar a repetição dos erros do caso Palocci

Depois da derrubada de um requerimento de convocação do ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, a oposição conseguiu um acordo com a base aliada: na próxima quarta-feira, a mesma comissão vai aprovar um convite (e não mais uma convocação) para que Mercadante compareça e fale sobre o Dossiê dos Aloprados. PT e PMDB se comprometeram a votar pela aprovação do pedido. Mercadante deve, assim, falar à Câmara sobre o caso.
“Está acordado. Nós aprovaremos o convite”, diz o líder tucano na Casa, Duarte Nogueira (SP). De um lado, a oposição sai vitoriosa porque consegue levar o petista à Câmara, o que dificilmente conseguiria fazer em uma disputa no voto. De outro, o governo evita o desgaste de ter um ministro obrigado a dar explicações ao Congresso e tenta dar ao episódio o aspecto de uma prestação de contas voluntária de Mercadante.
Ainda havia dois requerimentos de convocação do ministro aguardando votação, nas comissões de Segurança Pública e de Ciência e Tecnologia. Com o acordo, o PSDB aceitou retirar os pedidos. O acerto mostra o temor do governo de que o caso tivesse o mesmo desfecho que levou à queda de Antonio Palocci: blindado pela base aliada, o então braço-direito de Dilma Rousseff se recusou a comparecer ao Congresso e foi vítima do próprio silêncio.
Na terça-feira, Mercadante foi ao Senado, onde falou à Comissão de Assuntos Econômicos. O assunto em pauta era outro, mas a base aliada trouxe o caso do dossiê à tona para esvaziar os pedidos de convocação da Casa vizinha. Como a oposição não deu sinais de que iria desistir, o governo achou melhor negociar.
Próximos convocados – A oposição ainda deve insistir na tentativa de levar ao Congresso Expedito Veloso, o petista que delatou o envolvimento de Mercadante no esquema, conforme revelou VEJA. Mas a prioridade agora é ouvir explicações da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, também alvo de requerimentos de convocação. VEJA mostrou que a petista ajudou a repassar o falso dossiê contra tucanos à imprensa. Os oposicionistas seguirão com as tentativas de convocação da petista, mas já de olho em um possível acordo, como aconteceu com Mercadante e como aconteceria com Palocci se ele tivesse durado mais alguns dias no cargo. A tática é endurecer o jogo e forçar o governo a negociar.
No caso de Ideli, entretanto, a situação é mais difícil: o governo não quer expor a articuladora do governo, recém-nomeada. E dificilmente aceitaria levá-la ao Congresso para falar sobre o Dossiê dos Aloprados. A oposição ainda tem outra aposta: quer ouvir Serys Slhessarenko, a ex-senadora e ex-petista que também foi vítima dos aloprados em seu próprio estado, por obra do hoje senador Blairo Maggi (PR-MT). Serys já deu sinais de que quer falar. E a mágoa da ex-senadora com o PT, de onde foi expulsa, pode pesar contra o governo no depoimento.
Aloprados – Reportagem de VEJA mostrou como Mercadante, ao lado do ex-governador Orestes Quércia, foi o responsável pela compra do falso dossiê contra o tucano José Serra em 2006. A confissão veio de Expedito Veloso, petista que participou do esquema e hoje é secretário no governo do Distrito Federal.
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