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‘O verdadeiro alvo é o presidente’, diz ex de Bolsonaro sobre chantagem

Em entrevista a VEJA, Ana Cristina Valle fala das ameaças de morte e da acusação de comandar o esquema da rachadinha

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2022, 11h46 - Publicado em 6 Maio 2022, 06h00

A senhora está preocupada com as ameaças? Estou com medo. Ele viveu nesta casa. Quem me garante que não pegou uma chave para poder entrar? Quem me garante que, se ele tentar me matar e o Renan entrar no meio, ele não mate o Renan também?

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Por que ele chantageia a senhora? Ele me pediu 200 000 reais. Fica ameaçando contar coisas da minha vida particular. Mas não tenho nada a esconder. Ele acha que, por ser ex-mulher do presidente, por morar numa casa confortável, por conhecer gente importante, estou nadando em dinheiro.

Marcelo diz que, ao falar de dinheiro, se referia a créditos trabalhistas que ele teria a receber. Mentira. Não devo um centavo a ele. Tudo foi pago. Marcelo sempre foi tratado como um amigo, uma pessoa da família. Esse caso não é uma briguinha, é uma relação de amor e ódio. Antes de sair, ele já tinha avisado que ia botar a boca no trombone. Ele quer me matar e quer dinheiro. Disse para começar com 200 000 reais. Em outras conversas, falou em 1 milhão, 2 milhões. Ele tem um projeto de acabar comigo seja como for.

Ele a acusa de ser “a rainha da rachadinha” e diz ter um vídeo em que a senhora apareceria contando dinheiro do esquema em seu antigo escritório de advocacia. É esse o motivo da chantagem? Não existiu rachadinha. Nunca existiu, mas realmente estou com medo da minha vida agora. O Marcelo frequentava o meu escritório de advocacia. Foi lá várias vezes. Ele pode ter gravado um vídeo lá dentro enquanto eu estava atendendo meus clientes. Não tenho a mínima preocupação com isso. Aliás, naquela época tinha celular que gravava vídeo? Acho que nem tinha. Se tem, mostra o vídeo então. Isso é balela.

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O caseiro diz que também tem documentos e gravações que comprovariam a rachadinha. Ele se coloca como um arquivo vivo da minha vida pessoal, dos meus namorados, do porre que eu tomei. Ele não é esse santo coitado que está pintando para todo mundo. Não tem nada que ele pudesse ter pegado de documentos da casa. O que ele quer é aproveitar o momento político com essa história e ganhar dinheiro.

Por que não denunciou a extorsão e as ameaças à polícia? Depois que recebi o primeiro áudio com a ameaça de morte, fiquei desesperada e cheguei a me sentar diante de um delegado para relatar todas as ameaças, mas ainda bem que saí da delegacia sem falar nada. Não quero que ele vá preso. Não quero denunciá-lo formalmente por pena e por consideração. Vou tentar me proteger, mas não quero o mal dele, embora, em uma das mensagens, ele tenha ameaçado o Jair Renan também.

O presidente Bolsonaro sabe que o filho está sendo ameaçado? Não quero que isso se transforme em escândalo. Mas você imagina o que aconteceria nos Estados Unidos se o filho do Joe Biden estivesse sendo ameaçado de morte ou extorquido? Já estava todo mundo preso. O Jair Renan tem o telefone de um coronel do GSI que ele pode acionar a qualquer momento se precisar.

A senhora acredita que Marcelo é realmente capaz de fazer algum mal a vocês? Marcelo não tem mais nada a perder na vida. Pelo que eu conheço ele é capaz de me matar, sim, matar o Renan e depois se suicidar. Ele até já deu um tiro proposital no pé do filho depois de uma briga. Alguém envenenou a cabeça dele. Em uma das ligações, ele falou que estava em contato com um senador e um deputado que fazem oposição ao presidente — aliás, os mesmos que apresentaram um requerimento para eu prestasse depoimento na CPI da Covid. O que eu poderia contribuir numa CPI como aquela? A política tem muita sujeira.

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Ainda assim, a senhora pretende disputar as próximas eleições e usar o nome Bolsonaro? Serei candidata a deputada distrital pelo PL. Na campanha, vou usar o nome Bolsonaro, autorizado ou não autorizado. Se ele não autorizar, o Renan me empresta o sobrenome dele, né? Eu já fui uma ex-mulher brava. Demorou uns quinze anos para acontecer, mas hoje sou uma ex boazinha. Não faria mal ao presidente de jeito nenhum.

O que há de bom e de ruim em ser a ex do presidente da República? Nossa vida é bastante complicada. As pessoas sabem que o Renan é filho do presidente. Ele não tem privacidade e percebe a aproximação de pessoas unicamente por interesse. No meu caso, o lado bom é ser reconhecida que eu fiz parte da vida dele e o fiz chegar aonde chegou. O lado ruim é que eu fico exposta. As pessoas tentam me prejudicar para prejudicar o presidente, tentam me atingir, mas o verdadeiro alvo é o presidente — como está acontecendo agora.

Publicado em VEJA de 11 de maio de 2022, edição nº 2788

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