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O recurso de Eduardo Cunha ao papa

Preso, o ex-deputado escreve carta-protesto em que ataca o relator da Lava-Jato, ministro Edson Fachin, por não pautar seu pedido de liberdade

Por Daniel Pereira Atualizado em 28 ago 2017, 14h00 - Publicado em 28 ago 2017, 12h16

Evangélico, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha diz ser obrigado a recorrer ao representante máximo da Igreja Católica diante da recusa do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), de colocar seu pedido de liberdade em julgamento. Preso desde outubro passado, ele também insinua que Fachin tem relações umbilicais com os donos da JBS e reclama da lógica por trás das negociações dos acordos de delação premiada, que, no seu caso, mostraram-se infrutíferas até agora.

A seguir, a íntegra da carta-protesto do ex-deputado, escrita da carceragem do Complexo Médico Penal, em Curitiba:

“Apesar de ser evangélico e não acreditar que o papa é o representante de Deus na Terra, tenho de me render ao ditado popular e, quando não se tem mais a quem recorrer, recorra ao bispo ou ao papa. Como o papa é mais graduado, ficarei com ele. No último dia 2 de maio, foi julgado o habeas corpus de Jose Dirceu na 2ª turma do STF e contra a vontade e o voto do relator, ministro Edson Fachin, foi libertado Dirceu. A partir desse momento, como uma criança que perde e leva a sua bola para casa acabando com o jogo, o ministro não pautou mais nenhum HC na turma. Ainda levou o HC de Palocci para o pleno do STF, sem pautá-lo, levando inclusive Palocci a impetrar um HC contra o próprio ministro Fachin pedindo julgamento.

No meu caso, houve retardamento da instrução necessária onde até o pedido de informações ao juiz de Curitiba foi feito pelo correio, ao invés do pedido eletrônico. Após essa demora, o relator ainda demorou um mês para enviar ao Ministério Público, apesar de reiteradas petições de cobrança. Mesmo após tudo isso, o HC está pronto para a pauta desde junho, a exemplo de vários outros HCs de presos da Lava Jato. No meio do caminho, me impôs nova prisão, em decorrência da delação da JBS, sem qualquer prova da acusação feita contra mim, prisão aliás que já recorri e o relator também não pauta para deliberar. Aliás, a acusação contra mim é de receber para ficar em silêncio para não delatar, como se delatar fosse obrigação e não delatar fosse crime.

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Aliás, todos dessa operação foram soltos, incluindo a família de Aécio Neves e o ex-deputado Rocha Loures. Só eu continuo com a prisão decretada nessa operação de 18 de maio. Só como exemplo da falta de prova, alguém ligado a mim saiu carregando alguma mala monitorada? Se até quem carregou a mala foi solto, por que continuo preso? Quando os senhores Joesley Batista e Ricardo Saud me procuraram para ajudar na aprovação do então candidato ao STF Edson Fachin, além da relação de amizade que declararam ter com ele, me passaram a convicção de que o país iria ganhar com a atuação de um ministro que daria a assistência jurisdicional que a sociedade necessitava.

Hoje estamos vendo que a assistência célere e eficiente foi a obtida pela JBS e seus donos, onde em apenas três dias conseguiram homologar um acordo vergonhoso, onde ficaram livres, impunes e ricos. O que eu gostaria, assim como os demais presos preventivos de forma alongada, é ter o direito ao julgamento e não ser vítima de uma obstrução da Justiça a que todos os brasileiros têm direito. Não podemos ficar reféns de uma ditadura da República de Curitiba, do estado do ministro. Por isso, para além de uma dúvida razoável e em cognição sumária, recorro ao papa para ser julgado.”

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