O inferno dos ex-presidentes
A mesma Lava-Jato que alcançou Lula e, agora, Michel Temer pode, em breve, chegar a Dilma Rousseff
No próximo dia 7 de abril, fará um ano que o ex-presidente Lula, o político mais poderoso desde a redemocratização do país, está na cadeia. Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro a uma pena de 25 anos — e são remotas as chances de que se livre do cárcere rapidamente. Nos próximos dias, o Superior Tribunal de Justiça deve julgar um recurso em que o ex-presidente tenta reverter sua condenação. Se o recurso for negado, a situação de Lula, que ainda recebe um tratamento especial — está detido numa sala da Polícia Federal em Curitiba, sem grades, com televisão, banheiro privativo e aparelho de ginástica —, poderá ser revista. O ex-presidente deve ser transferido para um presídio comum.
Lula, que está com 73 anos, ainda responde a outras seis ações penais. Se for condenado à pena mínima em todos os processos, seu tempo de prisão pode aumentar em mais trinta anos. Na quarta-feira 20, a situação ficou ainda pior. O ex-presidente e o filho Luís Cláudio Lula da Silva foram indiciados pela Polícia Federal pelos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de influência. As suspeitas são que a empresa de marketing do caçula do petista, que recebeu mais de 10 milhões de reais de “patrocinadores”, entre os quais a Odebrecht, tenha sido alavancada com dinheiro sujo a pedido do próprio Lula — tal como consta na delação de um ex-executivo da Odebrecht.
A mesma Lava-Jato que alcançou Lula e, agora, o ex-presidente Michel Temer pode, em breve, chegar ao terceiro ex-presidente. Dilma Rousseff é ré na Justiça Federal pelo crime de organização criminosa, no processo conhecido como “quadrilhão do PT”. Ela é acusada de liderar um grupo que praticou crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Dilma também foi acusada pelo ex-ministro Antonio Palocci, ex-coordenador de sua campanha, de ter financiado sua eleição em 2010 com dinheiro de uma conta no exterior aberta pelo empresário Joesley Batista. Em outra frente de investigação, o marqueteiro João Santana e a esposa dele, Mônica Moura, revelaram que Dilma temia os avanços da Lava-Jato e alertou-os sobre o risco de serem presos — o que pode configurar crime de obstru��ão de Justiça.
Publicado em VEJA de 27 de março de 2019, edição nº 2627
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