O homem do partido quer o partido no governo
Cassado em 2005 e réu no processo do mensalão, José Dirceu não tem chance de comandar ministério algum no governo Dilma. Seu trunfo é a influência que ainda exerce sobre o PT, e sua esperança, atrelar o novo governo à legenda
Em setembro de 2009, José Dirceu desembarcou em São Luís do Maranhão para defender a aliança entre PT e PMDB no estado e lançar Roseana Sarney candidata ao governo, com o apoio de Lula e Dilma Rousseff. Em junho de 2010, foi a João Pessoa com a missão de costurar a aliança com o mesmo PMDB e assegurar a chapa majoritária para disputar as eleições estaduais. Teve êxito nas duas missões.
Dirceu encarrega-se de apagar incêndios e costurar alianças regionais porque tem grande influência sobre a militância e trânsito livre nos diretórios. É visto dentro do PT como o homem do partido. Fora do PT, como os petistas sabem, é visto de modo bastante diverso: tem a imagem ligada ao maior escândalo do governo Lula, o mensalão, que lhe valeu a cassação e um processo no STF em que é chamado de chefe de quadrilha.
Dirceu pertence à corrente majoritária do PT, Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual também fazem parte José Eduardo Dutra e Antonio Palocci – dois dos principais nomes da campanha petista.
Até mesmo entre os mais críticos – que acham Dirceu arrogante e controlador – a opinião é quase unânime no interior do partido: bom analista, conselheiro valioso, ele tem opiniões que devem sempre ser levadas em consideração nos momentos delicados.
Dilma faz parte do grupo que escuta e leva em conta muito do que Dirceu sugere. Ele quer que o novo governo reflita o projeto do PT. Já disse isso aos quatro ventos e o fez de modo bastante incisivo quando esteve na Bahia, em setembro. Dirceu procura seu lugar ao sol. Sem chances de ganhar um ministério, tenta atrelar o governo a seu núcleo de influência: o partido.