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‘Nunca fui ouvida nem consultada’, diz senadora sobre canetada do PP para apoiar Dilma

Diretórios dissidentes do PP acionaram a Justiça Eleitoral contra a decisão da cúpula do partido de apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff

Por Gabriel Castro, de Brasília
27 jun 2014, 07h17

Nos últimos dias, a presidente Dilma Rousseff acompanhou de perto – e preocupada – tensas convenções de partidos que apoiarão sua candidatura à reeleição em outubro. De todas as siglas que aceitaram repassar à petista seus minutos na propaganda eleitoral de televisão em troca de cargos no governo federal, nenhuma foi marcada por tamanha confusão como a que se viu na convenção do Partido Progressista, o PP, nesta quarta-feira. Respaldado pela ala majoritária do partido, que orbita o governo do PT desde os tempos do mensalão, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, tentou aprovar uma resolução de apoio à chapa de Dilma, mas esbarrou na resistência de alguns diretórios, especialmente os de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Ouviu coro de “vendido” e deixou a convenção escoltado por seguranças – por pouco, não levou sopapos do deputado Jair Bolsonaro (RJ). Minutos depois, Ciro Nogueira mostrou como funcionam as coisas no PP: convocou a cúpula da sigla e, a portas fechadas, chancelou o apoio numa canetada. “Eu nunca fui ouvida, nunca foi consultada. Eu e os outros convencionais só fomos informados. Isso é democracia? É uma cúpula que delibera?”, afirma a senadora gaúcha Ana Amélia Lemos, um dos nomes mais fortes do PP nas eleições deste ano, aliada do tucano Aécio Neves. Ela aguarda a decisão da Justiça Eleitoral sobre o recurso apresentado pelos diretórios dissidentes contra a decisão da direção do PP. Leia a entrevista de Ana Amélia ao site de VEJA.

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TSE nega recurso de dissidentes do PP contra manobra por apoio a Dilma

Qual caminho a ala independente vai adotar agora? Estou aguardando a manifestação da Justiça Eleitoral, porque entramos com uma ação cautelar para anular os efeitos da convenção e para que seja feita uma nova convocação da Executiva para tratar do assunto. O presidente deveria ter colocado em votação as duas propostas, não aprovar a que ele tinha na manga.

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De qualquer forma, a ala que defende a independência é minoritária? É inacreditável que o presidente do partido diga que só dois diretórios eram contra a decisão. Primeiramente, porque diretório não vota, quem vota são os convencionais. Os diretórios de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Goiás e Minas Gerais são muito representativos e apoiam a independência. No fim, não fomos lá para tomar uma decisão e votar, mas para simplesmente homologar uma deliberação que já estava tomada.

A neutralidade resolveria o embate interno? A coerência seria o PP repetir o que havia feito em 2010, quando manteve a neutralidade e o resultado foi muito positivo. Nem por isso o governo deixou de buscar o apoio do PP para compor e assegurar a governabilidade. Não é um troca-troca que vai resolver os problemas, a menos que haja outros interesses que não sei quais são. Eu me surpreendi com a reação do presidente quando levantei as questões de ordem.

O fato de a Executiva ter liberado os diretórios estaduais para fazer as alianças que quiserem não é suficiente? A questão não é estar contra ou a favor da Dilma, a questão é que a liberação não tem efeito prático. Não adianta a Executiva dizer que os diretórios estão liberados. O problema é que, quando o diretório faz isso, do ponto de vista da Lei Eleitoral, impede que nós usemos a imagem do candidato que eu apoio, que é o Aécio Neves, na minha propaganda. É uma liberação de faz de conta. Aí é subestimar a nossa capacidade e a nossa compreensão de como se faz politica. A neutralidade seria uma forma correta e sábia sob todos os aspectos.

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A cúpula já havia decidido pelo apoio antes mesmo da convenção? Eu nunca fui ouvida, nunca foi consultada. Eu e outros convencionais só fomos informados. E ficou decidido. Isso é democracia? É uma cúpula que delibera?

A senhora pensa em deixar o partido? O Rio Grande do Sul está unido e eu não vou sair do partido por causa disso. O Rio Grande do Sul mostrou de que lado está.

Por que o diretório estadual preferiu apoiar Aécio? No Rio Grande do Sul, temos uma história de oposição ao governador Tarso Genro, que é do PT. Não dá pra tergiversar nisso.

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Então o apoio ao PSDB foi só por causa do cenário local? Não. Há uma diferença entre eles, de conceitos e de gestão. A mudança é necessária porque oxigena melhor a democracia. É importante. A permanência no poder causa sempre um desgaste, e é isso que está ocorrendo.

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