Novo presidente da Petrobras processa ex-motorista
Funcionário de Aldemir Bendine no Banco do Brasil disse que fazia pagamentos em espécie por ordem do chefe. MP apura lavagem de dinheiro
Escolhido pela presidente Dilma Rousseff para assumir a Petrobras em meio ao escândalo do petrolão, o ex-presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, resolveu adotar contra um de seus acusadores a mesma estratégia que o PT prega contra os delatores do propinoduto: atacá-los na Justiça. Nesta quinta, após ver seu tesoureiro ser levado pela Polícia Federal para depor sobre a arrecadação de até 200 milhões de dólares em propina, o PT disparou uma ameaça em nota pública: “Os acusadores serão obrigados a responder na Justiça pelas mentiras proferidas contra o PT”. Investigado pelo Ministério Público Federal por suspeita de lavagem de dinheiro no Banco do Brasil, Bendine decidiu processar criminalmente um de seus antigos colaboradores no banco. O alvo da fúria é o motorista Sebastião Ferreira da Silva, pivô de uma investigação que o MPF abriu para apurar indícios de lavagem de dinheiro em pagamentos em espécie efetuados a mando do ex-presidente do BB.
O agora presidente da Petrobras ajuizou uma queixa-crime contra o ex-motorista, conhecido como Ferreirinha, no último dia 23 de janeiro. Aldemir Bendine acusa Ferreirinha de difamação. Há uma semana, ação foi remetida pelo Juizado Especial Criminal de Guarulhos (SP) ao Ministério Público.
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Em junho do ano passado, Ferreirinha prestou depoimento à procuradora da República Karen Kahn, da 2ª Vara Criminal. Disse que, por ordem do então presidente do BB, fazia pagamentos em lojas e transportava valores em dinheiro vivo no carro que dirigia – em sacolas com notas de 100 reais. No mês seguinte, a procuradora da vara especializada em crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro abriu um procedimento investigatório criminal, PIC 140/2014. A apuração ainda está em andamento.
À época, Ferreirinha disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que fez quatro pagamentos em dinheiro a pedido do antigo chefe. Ex-funcionário comissionado do gabinete da Presidência da República em São Paulo durante o governo Lula, Ferreirinha passou a trabalhar diretamente com Bendine em 2007 e ficava à sua disposição. Segundo ele, o chefe ordenava os pagamentos em conversas a sós entre os dois, na sede do BB na Avenida Paulista, região central de São Paulo. Ele também relatou que, em uma ocasião, viu Bendine entrar em um prédio no bairro nobre dos Jardins, Zona Oeste de São Paulo, e sair de lá com uma sacola recheada de maços de dinheiro – ela seria entregue depois a um empresário, amigo do executivo. Ao jornal, Aldemir Bendine deu uma resposta que também lembra as propaladas pelo PT: negou as acusações e disse que as informações do ex-motorista eram “caluniosas e contraditórias”.