Na 1ª reunião, comitê da GLO expõe divergências e leva a baixa de militar
Após climão e provocações, Ministério da Defesa afastou representante da Marinha que integrava o grupo

Anunciada como uma união de forças entre diferentes órgãos de segurança no combate ao crime organizado, a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) decretada pelo governo Lula expôs, mais uma vez, a dificuldade de interação entre as Forças Armadas e as polícias.
Um episódio na última terça-feira, 7, ilustra as divergências. Era a primeira reunião do comitê que vai monitorar a atuação da GLO e o encontro acabou em meio a um constrangimento e com direito até a um pedido de afastamento de um militar do grupo. Participaram da reunião representantes da Polícia Federal, do Ministério da Justiça, da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
Conforme relatos, o problema teve início quando o vice-almirante Paulo Renato Rohwer, que representava a Marinha, reclamou da falta de dinheiro para a empreitada, disse que o decreto assinado por Lula era pouco claro e ainda apontou para a ausência da Polícia Federal durante uma reunião de um grupo que trata da proteção às fronteiras – o que foi recebido como um recado um tanto irônico e provocativo.
No encontro, o militar da Marinha dizia ter muitas dúvidas sobre quais seriam as atribuições definidas na GLO. Em contrapartida, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, afirmava ter “certeza” do que precisava ser feito e apontou para a contenção do avanço desenfreado do tráfico de drogas e de armas do país.
Ao fim da reunião, que pouco avançou, Cappelli ligou para o ministro da Defesa, José Múcio. “Ministro, a reunião foi muito ruim, viu?, contou, acrescentando que o militar estava com uma postura muito reativa e havia passado a reunião de cara feia e braço cruzado. Horas depois, o ministro da Defesa retirou o vice-almirante do comitê, e designou o seu chefe de gabinete – um civil – para substituí-lo.
“Está achando que eu vou para uma reunião dessas para ficar de palhaçada? Acabei de derrubá-lo”, narrou Cappelli a um auxiliar.
O comitê deve voltar a se reunir na próxima semana. O objetivo do grupo é acompanhar o andamento da ação conjunta entre as Forças Armadas e a Polícia Federal em portos, aeroportos e fronteiras que visa conter a entrada de drogas e armas no país. A GLO vai durar pelo menos seis meses – espera-se que, até lá, seus coordenadores consigam atuar em um clima mais ameno.