Mirando eleições, Maia recorre a antigos auxiliares de ACM e Lula
Além do presidente da Câmara, presidenciáveis como Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles buscam nomes da área econômica para disputa pela presidência
Os três principais pré-candidatos à Presidência da República que disputam a representação do centro já articulam nomes para formar equipes para o programa econômico e a estratégia de marketing eleitoral. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), vêm conversando com economistas que têm uma linha de orientação próxima à adotada atualmente pelo governo Michel Temer (PMDB). Defendem o saneamento das contas públicas, uma agenda reformista e uma menor participação do Estado na economia.
Maia vem recebendo a ajuda do economista Marcos Lisboa, ex-secretário do Ministério da Fazenda no governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do marqueteiro Fernando Barros, que era próximo do ex-senador Antônio Carlos Magalhães, morto em 2007. Segundo três aliados de Maia, esses profissionais têm mantido conversas com o deputado para ajudá-lo a definir as propostas que defenderá nas viagens que pretende fazer pelo País e a “refinar” o discurso eleitoral.
Sem mirar diretamente nos líderes das pesquisas de intenção de votos (Lula e Jair Bolsonaro), Alckmin trabalha para sair na frente ao menos em relação a Maia e a Meirelles. Entre os conselheiros do tucano estão os economistas Persio Arida, Roberto Giannetti e Yoshiaki Nakano. Persio será o líder do grupo.
À frente da Fazenda, Meirelles conseguiu montar uma equipe econômica apelidada de “time dos sonhos”, que ajudou o governo a ganhar confiança dos investidores nos novos rumos da política econômica de Temer. A interlocutores, ele afirma que só vai pensar em formação de equipe de assessores de campanha em abril, caso decida se candidatar.
O problema maior, porém, não está na formulação de um programa econômico, já que ele poderia reunir com alguma facilidade uma equipe de colaboradores. A questão tem sido formar um “time político” para ajudar sua candidatura a decolar. Meirelles sofre “ataque especulativo” de políticos da base aliada, especialmente de Maia, mas sofre resistência até mesmo de integrantes do seu partido, o PSD.
Na economia, o ministro poderia buscar apoio até mesmo de alguns dos economistas que hoje compõem sua equipe na Fazenda: Eduardo Guardia, Fabio Kanczuk, Ana Paula Vescovi, Mansueto Almeida e Jorge Rachid (Receita Federal).
Quem são
Carioca, Lisboa tem 53 anos e é diretor-presidente do Insper. Doutor em Economia pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 2003 e 2005, no primeiro mandato de Lula. “Não comento conversas. Falo com todos que querem conversar sobre economia”, disse Lisboa sobre assessorar Maia. O economista se aproximou de Maia durante a discussão da reforma da Previdência. Maia também já enviou um assessor a São Paulo para receber orientações do economista.
Barros, por sua vez, é dono da agência de publicidade Propeg, que atua no ramo há mais de 50 anos. Ele foi um dos marqueteiros das campanhas presidenciais de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1994 e 1998. Baiano, Barros era uma das pessoas mais próximas de Antônio Carlos Magalhães, cacique do antigo PFL, atual DEM. Seu herdeiro político, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), é um dos principais articuladores de Maia — ele não descarta, entretanto, o apoio a outros nomes, como o do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB).
ACM Neto, que em fevereiro deve ser oficializado como presidente nacional do DEM, na convenção do partido, participou, em Vitória de uma solenidade para liberação de recursos para o Estado, com a presença de Hartung, de Maia e do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM).
A agenda pública ocorreu em meio às movimentações de Maia e aliados para a construção de sua candidatura presidencial. No entanto, na capital capixaba, o presidente da Câmara desconversou sobre pretensões eleitorais e disse que discutir a corrida presidencial agora “passa por certa arrogância e atropelo”. No entanto, Maia falou da possibilidade de candidatura única, ou com dois, três ou mais partidos, mas apenas se estiver de acordo com a “vontade da sociedade e dos partidos que estão representados”.