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Ministro do Trabalho “tem participação ativa no esquema”, diz PF

Helton Yomura, que entregou o seu cargo, é acusado de agir em favor dos interesses de uma organização criminosa

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 jul 2018, 19h19

O ministro do Trabalho, Helton Yomura, foi afastado do seu cargo nesta quinta-feira, 5, por decisão do Supremo Tribunal Federal. Ele foi alvo da terceira fase da Operação Registro Espúrio, deflagrada pela Polícia Federal — que apura um esquema de corrupção e fraudes em registros sindicais, revelado por VEJA em março deste ano. Segundo os investigadores, o ministro utilizava o seu posto para atender a interesses de terceiros, sobretudo de caciques do PTB, solicitando tratamento privilegiado a processos da pasta. “Helton Yomura, mais do que ‘apenas’ ter ciência e se omitir diante das fraudes perpetradas no âmbito da Secretaria de Relações de Trabalho, tem participação ativa no esquema”, afirma a Polícia Federal.

Mensagens de celulares analisadas pelos investigadores revelam que o ministro não só acompanhava de perto o andamento dos registros sindicais como também orientava os servidores, interferindo diretamente nos processos. Num diálogo com um servidor, em 13 de maio deste ano, Yomura diz que seria preciso ter uma bala de prata contra uma entidade de Manaus para que ela não conseguisse reverter a decisão na Justiça. Em outra conversa, o mesmo funcionário do Ministério do Trabalho relata que concedeu a autorização a um sindicato, atendendo a pedido de um vice-presidente da Força Sindical e de um superintendente regional do Ministério do Trabalho. No entanto, o servidor informa que essa decisão teria se chocado com os interesses do ministro da Secretaria-Geral da Presidência Carlos Marun. “Mas você sabia que ia dar conflito”, escreveu Yomura. A PF solicitou ao Supremo que fosse realizada busca e apreensão na casa de Marun, mas o ministro Edson Fachin indeferiu o pedido, conforme antecipou o jornal Folha de S.Paulo.

 

Além de atuar em registros sindicais, Yomura cumpria ordens de nomeações e exonerações feitas por seus padrinhos políticos, o presidente do PTB Roberto Jefferson e sua filha, a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ). O próprio ministro chegou a dizer que era preciso ter “boas peças para mexer” na engrenagem do esquema, segundo investigação da PF. Toda contratação ou demissão deveria passar pelo crivo de Cristiane Brasil, que foi impedida pela Justiça de assumir o Ministério do Trabalho. Sob a orientação da parlamentar, Yomura nomeou um apaniguado para a área de inspeção da pasta. Em outro caso, a deputada pediu que o ministro blindasse um servidor de sua confiança.

A relação entre Yomura e Cristiane Brasil era tão estreita que, em 31 de maio deste ano, um dia após a deflagração da Operação Registro Espúrio, a deputada enviou para o ministro cópia do inquérito sobre o esquema de corrupção no Ministério do Trabalho. A PF conclui que Yomura não compartilhou o material com a corregedoria da pasta, que por sua vez o solicitou à Justiça, “comprovando que o seu interesse no caso era pessoal, e não institucional”. O ministro, segundo os investigadores, agiu de “de forma dissociada dos deveres inerentes ao cargo estratégico que ocupa, em prol dos interesses do grupo organizado ora investigado”.

Diante dessas evidências, o ministro Edson Fachin impediu Yomura de pisar no Ministério do Trabalho e de manter contato com outros investigados, além de ter o seu cargo suspenso. O advogado Breno Alvares, que defende Yomura, nega as acusações da PF. O ministro entregou nesta quinta-feira, 5, uma carta de demissão ao presidente Michel Temer. O PTB, em nota, afirma que colocou o Ministério do Trabalho à disposição do governo Temer. O Palácio do Planalto, que se manteve em silêncio nos últimos meses, afirmou em nota que aceitou o pedido de exoneração de Yomura do ministério do Trabalho.

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