Ainda que a presidente Dilma Rousseff tenha sido afastada do cargo nesta quinta-feira por causa de sua própria incompetência, militantes petistas apressaram-se nesta tarde a eleger – e atacar – um vilão: a imprensa livre, sempre alvo preferencial do petismo. Em ato em frente ao Palácio do Planalto, grupos ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao Movimento Sem Terra (MST) permaneceram boa parte do tempo de costas para o prédio, voltados apenas a hostilizar jornalistas que faziam a cobertura histórica da saída de Dilma. Aos gritos de “imprensa golpista”, alguns manifestantes que, em tese, lutam pelo direito dos trabalhadores, se exaltaram e ameaçaram agredir aqueles que cumpriam seu oficio. Eles derrubaram as grades que separavam a imprensa dos populares, invadiram o local reservado à cobertura e cercaram os cinegrafistas que estavam sobre um tablado. No momento, não havia seguranças. A violência se repetiu sob o teto do Planalto, quando um repórter da TV Globo foi empurrado durante uma transmissão ao vivo. O cinegrafista que o acompanhava acabou no chão. Sem levar em conta a confusão, Dilma, durante do que pode ser seu último pronunciamento, afirmou que as manifestações pelo país acontecem “em defesa de mais direitos e mais avanços”. Não para quem tentava cobrir seu discurso. (Marcela Mattos, de Brasília)