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Militância e interesse público

A vice-procuradora geral da República, seu marido, ex-assessor no STF, e a linha tênue que separa convicções pessoais da busca independente por Justiça

Por Rodrigo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 ago 2016, 17h33 - Publicado em 30 ago 2016, 16h50

Um casal estrategicamente instalado, com posições políticas muito bem definidas e acesso privilegiado aos processos sigilosos da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do Supremo Tribunal Federal (STF) que podem definir os derradeiros rumos das investigações sobre o petrolão, o maior escândalo de corrupção da história do país. Ela Wiecko, vice-procuradora-geral da República, e Manoel Lauro Wolkmer de Castilho, desembargador aposentado e até recentemente um diligente assessor do ministro Teori Zavascki.

Ela, substituta imediata de Rodrigo Janot, e, ao mesmo tempo, militando contra o presidente em exercício Michel Temer, classificando o processo de impeachment como “golpe” e revelando que existem informações que comprometem Temer no escândalo. Ele, defendendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — alvo de investigações tanto no STF quanto na primeira instância da Justiça Federal, sob suspeita de ser um dos responsáveis pelo esquema de corrupção na Petrobras — e, ao mesmo tempo, assessorando Teori Zavascki, o relator do petrolão no STF.

Historicamente alinhada a causas de esquerda, Ela Wiecko não resistiu ao recrudescimento da crise política. No fim de junho passado, como mostrou VEJA, ela participou em Portugal de um ato contra o presidente em exercício Michel Temer. Na manifestação, ela segurava uma faixa onde se lia “Fora Temer. Contra o golpe!”. Em entrevista na manhã desta terça-feira, a procuradora subiu o tom na crítica: disse considerar que o processo de impeachment é, sim, um golpe (“Um golpe bem feito, dentro daquelas regras”) e atacou Michel Temer (“Não me agrada ter o Temer como presidente. Ele não está sendo delatado? Eu sei que está”).

Eterna candidata a procuradora-geral, Ela chegou a integrar por várias vezes a lista tríplice enviada à Presidência da República pela associação que representa os procuradores. Mesmo preterida em todas as ocasiões, inclusive nos governos do PT, ela não rompeu os laços com o partido. Com a chegada de Rodrigo Janot ao posto, indicado por Dilma Rousseff em 2013, foi escolhida por ele para ser a número dois da instituição. Para o outro posto importante de livre escolha do chefe da PGR, o de vice-procurador-geral-eleitoral, Janot nomeou àquela altura Eugênio Aragão, mais tarde escolhido por Dilma Rousseff como ministro da Justiça.

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Como vice-procuradora-geral, Ela Wiecko toca os principais processos da PGR no Superior Tribunal de Justiça (STJ) – é a responsável, por exemplo, pela tarefa de conduzir os procedimentos criminais contra governadores de estado, como o que investiga o mineiro Fernando Pimentel, do PT. Ela também tem a incumbência de substituir Rodrigo Janot no Supremo Tribunal Federal. A partir da cadeira de número dois da PGR, a procuradora tem acesso às informações mais sensíveis dos processos em curso na Procuradoria.

Há três semanas, o marido dela, Manoel Lauro Volkmer de Castilho, se envolveu em polêmica similar. Só que por sair em defesa do ex-presidente Lula. Mesmo trabalhando no gabinete do ministro Teori Zavascki, relator de investigações do petrolão que têm Lula como um dos suspeitos, Manoel Lauro Volkmer não viu problemas em assinar um manifesto em apoio à decisão do petista de recorrer ao Comitê de Direitos Humanos da ONU para denunciar o que classifica como uma injusta “caçada judicial” contra ele. A polêmica o levou a pedir exoneração do cargo de assessor de Teori.

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