Desde que o segundo turno das eleições foi confirmado, a primeira-dama Michelle Bolsonaro iniciou uma verdadeira maratona para garantir votos para a reeleição do marido.
Sempre com um apelo de abuso religioso, Michelle tem percorrido o Brasil tentando diminuir a resistência das mulheres ao presidente e garantir que os eleitores evangélicos fiquem (totalmente) ao lado de Bolsonaro.
Entre os discursos desta semana, no entanto, Michelle perdeu totalmente a mão ao atacar Lula e, pasmem, acabou atacando o próprio marido.
Nesta quinta, 20, durante evento em São Paulo, a primeira-dama disse que Lula está com “sangue nos olhos” e afirmou que o petista quer “colocar todos na cadeia”.
A declaração não tem nenhum cabimento e Michelle deveria ser punida por espalhar notícias falsas. A mentira, inclusive, não combina em nada com o discurso cristão da Bíblia que prega a verdade, e não a mentira, a paz, e não a contenda.
“Quem é o pai da mentira é o diabo, um homem mentiroso, que quer voltar à cena do crime, que quer voltar a roubar, mas que antes de tudo isso, quer colocar todos na cadeia. Porque ele está com uma lista, está com sede de vingança, está com sangue nos olhos pra se vingar de todos aqueles que se levantaram contra ele”, disse, sem enrubescer o rosto.
Também nesta quinta, em evento para mulheres na Assembleia de Deus Vitória em Cristo, no Rio de Janeiro, o “alvo” do discurso foi o próprio presidente Jair Bolsonaro.
“Não olhe para o meu marido. Olhe para mim. Olhe para mim, que sou uma serva do Senhor, que dobro os meus joelhos e tenho entendimento do mundo espiritual. Ele é tão falho como você, porque perfeito é só Jesus”, afirmou Michelle.
A frase deixa claro que até a primeira-dama reconhece as barbaridades que o marido fala e, por isso, pede que os fiéis (ao menos os evangélicos) olhem para ela ao decidir o voto, e não para o presidente.
Num ataque indireto a Bolsonaro, Michelle admite que o presidente falha e apela para o “entendimento do mundo espiritual” para conquistar eleitores.
Assim como o marido, Michelle entrou no “vale-tudo” mentiroso pela eleição. Por onde passa, reforça que há uma batalha acontecendo entre o bem e o mal, discurso repetido exaustivamente por bolsonaristas e que tem convencido muitos evangélicos que temem o que eles chamam de “partido das trevas”.
Pode uma coisa dessas? Não. Mas é o Brasil de 2022.