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Membros do PCC fazem voos de rotina e aulas de pilotagem

Criminosos teriam enfrentado dificuldades para aprender a pilotar. Alternativa para que plano de resgate de líderes tivesse êxito seria sequestrar pilotos

Por Da Redação
27 fev 2014, 09h44

O dinheiro abundante do tráfico de drogas fez com que o uso de aeronaves se tornasse comum entre os criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC). A facção usa helicópteros para o transporte de malotes com milhões de reais de uma região para a outra do Estado e para pagar fornecedores de maconha e cocaína.

No dia 29 de janeiro, por exemplo, integrantes da facção embarcaram em um helicóptero no Guarujá, no litoral paulista, para levar 1,4 milhão de reais para São Paulo. A aeronave pousou no Campo de Marte, na Zona Norte, onde os bandidos desembarcaram com o dinheiro em malotes. Um grupo de choque do PCC fez a segurança do dinheiro e monitorou a entrega do pagamento até a Zona Leste da capital. Segundo o relatório da inteligência policial paulista, o dinheiro havia sido arrecadado com o tráfico de drogas na Baixada Santista. Ele seria destinado para o pagamento de fornecedores das drogas.

Os homens da inteligência desconfiam que o helicóptero usado para transportar o dinheiro seja o mesmo que serviu para o voo de reconhecimento do plano de resgate, feito por Márcio Geraldo Alves de Ferreira, o Buda, em 29 de novembro do ano passado. Ele é um dos suspeitos apontados pela polícia como responsável por montar a base de apoio dos criminosos em Porto Rico, no Paraná, para resgatar Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Buda seria também o responsável pelos contatos dos alunos de pilotagem do PCC com o bandido Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, que se esconde no Paraguai, onde é o gerente dos negócios de Marcola. Na semana passada, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) pediu à Justiça sua prisão temporária, que foi negada.

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No dia 27 de maio, os policiais identificaram Márcio Rogério da Silva como um dos suspeitos de fazer aulas de pilotagem de helicóptero a pedido da facção. Ele moraria em Jundiaí e seria irmão de Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, apontado como um dos maiores sequestradores do Estado. Márcio Rogério também teria feito aprendizagem em um helicóptero modelo Esquilo.

As aulas teriam sido dadas na Escola de Aviação JR Helicópteros, no Campo de Marte. Durante o planejamento da facção, os criminosos estudaram montar uma base em Guaíra, no Paraná, mas desistiram porque o lugar era muito longe de Presidente Venceslau, em São Paulo, onde a cúpula da facção está detida.

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Em 27 de julho, Barbará mandou pelo telefone um comparsa identificar uma pista de pouso em Mato Grosso do Sul que tivesse capacidade para pousar um Boeing 737. Acharam uma pista mantida por uma unidade do frigorífico Marfrig, em Bataguaçu (MS), às margens do km 35 da Rodovia BR-267. A pista tem 1.200 metros de extensão por 18 metros de largura. Ali seria feita uma simulação da operação.

Em 22 de outubro de 2013, os policiais interceptaram um telefonema de Márcio Geraldo Alves Ferreira, o Buda. Em 18 de novembro, ele foi, segundo a polícia, até Porto Rico – onde alugou a casa que seria o quartel-general da operação de resgate.

Já neste ano, o início de fevereiro, o PCC estava com dificuldade para treinar pilotos em função da diferença entre os modelos de aeronaves que seriam usadas na manobra de resgate dos chefes da facção.

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Sequestros – Um dos problemas enfrentados pelos envolvidos na investigação é o risco de o PCC tentar usar no resgate pilotos de helicóptero sequestrados em São Paulo ou em Curitiba. Essa alternativa foi identificada pelos integrantes da inteligência policial durante as interceptações telefônicas.

No começo de seu planejamento, o PCC teria optado por treinar três de seus integrantes, financiando um curso de pilotagem de helicóptero para seus soldados. Mas os criminosos enfrentaram alguns contratempos, como a dificuldade de aprender a pilotar diferentes aeronaves e a prisão do professor que ensinava seus homens no Campo de Marte. Assim, a facção começou a cogitar a usar pilotos sequestrados na ação, que seriam feitos reféns e obrigados a levar a tropa de assalto da facção até o presídio, no interior.

Um desses voos foi fotografado pelos agentes da polícia em 29 de novembro do ano passado. O suspeito Buda foi quem contratou o voo panorâmico em São Paulo para testar o esquema – ele fez isso duas vezes, segundo a polícia, naquele mês.

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No dia 6 deste mês, por exemplo, os criminosos agendaram mais um voo de helicóptero para testar o esquema. O serviço foi feito por uma mulher. No dia 8, outro helicóptero foi alugado para simular voos até as cidades de Porto Rico e de Loanda, ambas na região de Maringá, no interior do Paraná. Um inquérito foi aberto pelo Deic sobre o caso.

Snipers – Uma equipe de 15 homens do Comando de Operações Especiais (COE) com seis atiradores de elite está de tocaia na mata ao redor da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no oeste paulista, à espera da tropa do Primeiro Comando da Capital (PCC) que planeja resgatar Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e outros três líderes da facção. Eles podem até derrubar aeronaves que se aproximarem da prisão.

Os atiradores – chamados de snipers – têm fuzis de calibre 5,56 mm. Eles estariam ainda armados com um fuzil calibre .50. O armamento é suficiente para abater o helicóptero que tentar retirar os bandidos da prisão.

Os homens do COE foram deslocados da capital para o interior. Em 2011, quando outra tentativa de resgate de presos foi descoberta, a cúpula da Segurança Pública decidiu então mandar para a cidade os homens das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), cuja presença ostensiva servia para dissuadir ações dos criminosos na região.

Nesta quinta-feira a cúpula da Segurança deveria se reunir para analisar a situação. Participariam do encontro os secretários da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, e da Administração Penitenciária, Lourival Gomes. Também deveriam estar presentes o comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira, o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício Blazeck, e o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Wagner Giudice.

Eles decidiriam quais os próximos passos da polícia para tentar desarticular o plano dos criminosos. Uma das medidas possíveis seria pedir à Justiça o isolamento de Marcola e dos demais envolvidos no plano de fuga no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), da Penitenciária de Presidente Bernardes.

(Estadão Conteúdo)

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