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Médica tenta reverter demissão por caso Marisa: ‘Não fiz piadas’

Gabriela Munhoz foi demitida do Sírio-Libanês por ter passado dados sobre o estado da ex-primeira-dama; ela diz que não teve acesso a informações sigilosas

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 fev 2017, 13h37 - Publicado em 7 fev 2017, 22h32

A médica reumatologista Gabriela Munhoz, de 31 anos, que foi demitida do Hospital Sírio-Libanês por ter divulgado informações sobre o estado de saúde da ex-primeira-dama Marisa Letícia em um grupo de WhatsApp, vai entrar com uma ação na Justiça para tentar reverter a destituição do cargo.

A médica, que estava de plantão no dia em que Marisa foi internada, argumenta que não teve acesso ao prontuário da mulher do ex-presidente Lula, que acabou morrendo na última sexta-feira em decorrência do acidente vascular cerebral (AVC). E que “apenas” se pronunciou sobre dados que já haviam sido divulgados na imprensa. Ela admite que cometeu um “equívoco” ao confirmá-los no WhatsApp, mas que isso não pode ser interpretado como quebra de sigilo médico.

“Nenhum dado que ela confirmou no WhatsApp foi oriundo do hospital. A única besteira foi dizer que ela estava lá. Ela não teve acesso a nada. O Sírio é muito criterioso com o acesso aos prontuários — tem senha e tudo. Ela sequer teve contato visual com Marisa”, afirmou ao site de VEJA o médico Mário Munhoz, pai de Gabriela.

Familiares da médica contrataram advogados para tentar comprovar a inocência dela na Justiça e, assim, tentar anular a demissão que consideram “sumária e inadequada”. Depois, dependendo do resultado desse processo, estudam entrar com uma ação por danos morais contra a instituição.

“Nós vamos de uma maneira ou de outra tentar reparar o dano que ela está sofrendo. Nós queremos primeiro comprovar que ela não quebrou nenhum sigilo nem o juramento de Hipócrates. Precisam ir atrás de quem passou a tomografia. Aí sim está a quebra da ética. Agora, confirmar num chat de médicos que aquela tomografia era um Fisher 4. Isso é uma leitura de um exame radiológico. Não é nem dado clínico nem de diagnóstico. Qualquer médico com um mínimo de conhecimento sabe disso”, completou Munhoz. Fisher 4 é uma classificação atribuída pelos médicos para indicar a gravidade do sangramento — no caso de Marisa, bastante grave.

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Toda a controvérsia começou em um grupo de WhatsApp intitulado “MED IX”, do qual Gabriela faz parte. Em 24 de janeiro, dia em que a ex-primeira-dama foi internada, começaram a circular no chat imagens da tomografia de Marisa, que foram vazadas do hospital Assunção, em São Bernardo do Campo (SP), onde a mulher de Lula recebeu os primeiros socorros antes de ser encaminhada ao Sírio-Libanês. Na ocasião, ainda não era de conhecimento público a gravidade do quadro da ex-primeira-dama.

Sabendo que Gabriela trabalhava no Sírio, um colega lhe perguntou se a informação procede. Por volta das 19h20, ela respondeu com a seguinte mensagem: “Confere. É Fisher 4. Estou aqui. E ela está na arteriografia. Não subiu para a UTI”. A reportagem não teve acesso às mensagens, que foram lidas na íntegra pelo pai da médica.

Depois, alguns integrantes do grupo escrevem comentários ironizando o estado de saúde de Marisa e até torcendo por sua morte. Munhoz diz que sua filha é “terminantemente” contra esses comentários. A troca de mensagens foi revelada inicialmente pelo jornal O Globo na última quinta-feira.

Desde então, a médica se tornou alvo de ataques na internet. Recebeu mais de 500 mensagens e e-mails com ameaças de morte e chamando-a de “assassina, bandida e responsável pela morte de Marisa”. Abalada com a proporção que o caso tomou, Gabriela entrou num quadro depressivo e passa hoje por tratamento, segundo relatou seu pai.

Formada em 2009 pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), ela se especializou em reumatologia na Santa Casa e trabalhava há dois anos e meio como plantonista do Hospital Sírio-Libanês. Lá, cumpria um contrato de 90 horas mensais. Na última quarta-feira, ela foi convocada ao RH da instituição para ser avisada sobre a demissão por justa causa. Explicaram que o motivo foi ela ter falado sobre o Fisher 4. Nesta segunda-feira, ela foi demitida “por WhatsApp” de seu segundo emprego, uma clínica particular onde trabalhava como pessoa jurídica (PJ) duas vezes por semana.

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Na data do ocorrido, o Hospital Sírio-Libanês enviou uma nota, dizendo que tem uma “política rígida relacionada à privacidade de todos os seus pacientes” e que “tomou as medidas disciplinares cabíveis em relação à médica, assim que teve conhecimento da troca de mensagens”.

Antes da publicação da matéria, Gabriela enviou uma nota para a reportagem, que segue abaixo na íntegra:

“Em razão dos últimos acontecimentos, venho informar que jamais divulguei ou compartilhei imagens de exames médicos da Dona Marisa Letícia, tampouco informações sigilosas sobre seu diagnóstico. Não tive contato visual ou pessoal com ela nem com seu prontuário médico.  

Minhas palavras foram descontextualizadas e distorcidas, não fiz piadas ou ironias com o estado de saúde da ex-primeira dama, não desejei seu mal, nem deixei que qualquer ideologia político-partidária interferisse na minha conduta médica. Infelizmente, acabei sendo usada em uma discussão política que jamais foi minha intenção. Até imagem de outra pessoa segurando um cartaz em manifestação atribuíram a mim.

Lamento muitíssimo o falecimento de Dona Marisa e qualquer aborrecimento que esse assunto tenha gerado à sua família em um momento tão delicado e de tanto sofrimento. Em nenhum momento, imaginei ou tive a intenção de produzir ou acentuar ainda mais a dor dos familiares e amigos. Att., Gabriela Munhoz”

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