MDB do Rio se organiza para disputar eleições após prisões da Lava Jato
Partido discute lançar candidatura própria ou apoiar nome escolhido por governador Witzel; esposa de preso disputará no interior
Depois de ser dizimado pela Operação Lava Jato e ter os seus principais caciques presos por corrupção, o MDB do Rio de Janeiro busca ressurgir. De olho nas eleições municipais deste ano, o partido não descarta lançar candidatura própria na capital contra a reeleição de Marcelo Crivella (Republicanos). Há ainda a possibilidade de apoiar um nome a ser indicado pelo governador Wilson Witzel (PSC) ou o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), ex-integrante da legenda e aliado no pleito de 2018 ao Palácio Guanabara.
O MDB fluminense articula também, sem alarde, candidaturas a prefeituras da Baixada Fluminense e interior do estado. A sigla é presidida pelo ex-deputado federal Leonardo Picciani. Ele é filho do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Jorge Picciani, preso na Operação Cadeia Velha, braço da Lava-Jato, e ministro do Esporte no governo Temer. Leonardo divide as articulações com Washington Reis, prefeito de Duque de Caxias.
A intenção de lançar candidatura na capital tem o empenho do MDB nacional, comandado pelo deputado federal Baleia Rossi. Mas o partido tem encontrado dificuldades para achar um candidato com condições reais de vitória. As prisões dos ex-governadores Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão; do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e de outros políticos levaram o partido ao fundo do poço. Com os escândalos de roubalheira aos cofres públicos, integrantes que sobreviveram não descartam uma debandada para evitar o desgaste eleitoral.
“Vamos observar mais um pouco o quadro no Rio. Saber quem será o candidato a ser lançado pelo governador Witzel. Mas, se o MDB decidir lançar um nome (para concorrer à Prefeitura do Rio), talvez seja alguém de fora da política com sucesso na sua área de atuação. Estamos avaliando”, afirmou uma fonte emedebista.
Witzel ensaia lançar a juíza Glória Heloiza, que é evangélica. O governador já fez elogios públicos à magistrada embora não tenha batido o martelo. Os interlocutores de Witzel nas negociações com o MDB são o secretário da Casa Civil, André Moura, e Pastor Everaldo, dono do PSC, ambos com total influência no atual governo. Vale lembrar que parlamentares do MDB fizeram indicações para cargos no Guanabara.
Também existe a corrente dentro do MDB que defende ficar novamente ao lado de Eduardo Paes. Mas a possibilidade é remota porque, nos bastidores, o ex-prefeito do Rio resiste à aliança com os antigos colegas de legenda. O apoio a Crivella está descartado.
“Até março tomaremos a decisão”, disse Leonardo Picciani.
Pré-candidato
No interior do estado Rio, a deputada estadual Franciane Motta é uma das apostas do MDB para voltar à Prefeitura de Saquarema, na Região dos Lagos. Ex-prefeita da cidade, ela é esposa do também ex-presidente da Alerj Paulo Mello, outro preso na Cadeia Velha. A operação investigou o pagamento de propina a parlamentares em troca de votos favoráveis em votações na Alerj para beneficiar empresários do setor de transportes.
O deputado estadual Gustavo Tutuca é a expectativa do MDB para vencer em Volta Redonda. Na Baixada, a legenda, conta com o deputado estadual Max Lemos, até pouco tempo fiel escudeiro da família Picciani. Após namorar o PDT, Max conversa com PSDB e PSC, sendo os tucanos os favoritos para abriga-lo. O parlamentar é pré-candidato em Nova Iguaçu, mas disputar em Queimados não está descartado, segundo aliados.
Em Duque de Caxias, Washington Reis tentará a reeleição. Em Belford Roxo, o MDB sonha com a chapa formada pelos deputados estaduais Márcio Canela e Dr. Deodalto (DEM). Canela é aliado do atual prefeito Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, que responde a processos na Justiça e é investigado pelo Ministério Público por suspeitas de irregularidades. Apesar da intenção de Canela, o prefeito quer lançar a esposa e deputada federal Daniela do Waguinho.