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Mancha no currículo

Depois de um dos homens fortes do prefeito Eduardo Paes cair enredado em denúncias, seu atual braço-direito está sendo investigado por agressão

Por Leslie Leitão e Thiago Prado
16 out 2015, 19h07

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, frequentemente citado como potencial presidenciável, não tem demonstrado muita sorte na escolha dos assessores mais próximos. Ele passou todo o primeiro mandato e parte do segundo tendo dois homens fortes, Rodrigo Bethlem, deputado federal e seu secretário de Assistência Social, e Pedro Paulo Carvalho, deputado e secretário executivo do governo. Em agosto do ano passado, o site de VEJA divulgou áudios em que Bethlem confessava que recebia propina de uma ONG detentora de contratos com a prefeitura carioca. Acabou afastado. Pedro Paulo parecia imune. Aos 43 anos, candidato declarado de Paes à sua sucessão, o secretário, formado em economia com mestrado na Espanha, tem a reputação de administrador eficiente e meritocrático. Mas também ele cometeu ato reprovável.

Em um inquérito amparado por laudo do Instituto Médico Legal (IML) relativo ao caso, ao qual VEJA teve acesso na íntegra, Pedro Paulo aparece como agressor de sua ex-mulher. Pelo testemunho de uma babá e relatos da própria mulher, Alexandra Marcondes Teixeira, Pedro Paulo a teria agredido a socos e pontapés. A ocorrência policial foi registrada em 2010 e se refere a uma briga no final da tarde do dia 6 de fevereiro daquele ano, quando Pedro Paulo ocupava o posto de secretário da Casa Civil de Paes. O casal se separou em seguida. Localizada por VEJA em São Paulo, Alexandra, hoje com 34 anos, preferiu não falar. Em nota, atribuiu a crueza do seu depoimento a questões emocionais de momento, que teriam resultado em “declarações inverídicas”. Hoje ela nega até que tenha sido agredida. Os dois se casaram de novo e ela afirma que as famílias mantêm boas relações. Ambos dão o episódio como superado.

No relato à polícia, Alexandra conta que voltara “de surpresa” de uma viagem ao interior paulista para o apartamento onde vivia com Pedro Paulo. Sabia que ele não estava – tinha ido a Brasília com o chefe Paes. Ao chegar no local, um dúplex de frente para o mar da Barra da Tijuca, deu de cara com indícios de traição cometida na sua ausência: encontrou cabelos longos no ralo do chuveiro, duas taças de vinho — uma delas com marca de batom — e um sutiã que não era seu debaixo da mesa da cozinha. Alexandra contou que requisitou as imagens do circuito interno do condomínio e confirmou datas e horários de entrada e saída da misteriosa visitante.

No dia seguinte, por volta das 18h, Pedro Paulo voltou de viagem e Alexandra comunicou-lhe a decisão de pedir o divórcio. Aí começou a briga. Ela conta que Pedro Paulo a empurrou com força. Caída no chão, foi chutada várias vezes, recebeu um soco no olho esquerdo e um golpe na boca que lhe quebrou um dente. Por fim, segundo relata no inquérito, Pedro Paulo teria tentado sufocá-la. A babá, Ana Paula Bernardes, chegou com a filha do casal, então com cinco anos, já no fim do embate. Alexandra pegou as duas e dirigiu-se à delegacia da Barra da Tijuca para registrar a ocorrência. De lá, foi encaminhada para exame de corpo delito no IML, que confirmou as agressões. Pedro Paulo também foi ao IML e seu exame apontou marcas avermelhadas e unhadas. Alexandra chegou a formalizar um pedido para que o já ex-marido não pudesse chegar a menos de 500 metros dela. Foi indeferido. Em 2 de setembro de 2010, sete meses depois, Alexandra prestou novo depoimento à polícia e repetiu a denúncia, acrescentando ainda que joias e um relógio suíço haviam desaparecido da casa. A VEJA, a babá confirmou a briga e os ferimentos de Alexandra.

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O inquérito número 429 foi aberto em 11 de fevereiro de 2010, seis dias depois do desentendimento, para investigar o caso. Em tese, a apuração deveria correr rapidamente, como dispõe a lei Maria da Penha. Na prática, nestes cinco anos Polícia Civil e Ministério Público vêm praticando um jogo de empurra-empurra em que nem cumprem diligências, nem ouvem testemunhas e acusado. No inquérito, aliás, o secretário aparece como Pedro Teixeira, seu último sobrenome, que não usa na vida pública. O chefe da Polícia Civil, Fernando Velloso, reconheceu a VEJA a demora no trâmite e pediu que a corregedoria da polícia apurasse o motivo. Paralelamente, a delegada responsável, Viviane Costa, decidiu enviar na semana passada a investigação à justiça federal, uma vez que Pedro Paulo tem foro privilegiado.

Laudo de exame de corpo delito
Laudo de exame de corpo delito (VEJA)
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