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Lula só terá apoio de Paes no Rio se tiver palanque único em 2022

Ex-presidente petista está em busca de formar uma frente ampla para derrotar Jair Bolsonaro no estado

Por Cássio Bruno Atualizado em 2 set 2021, 13h26 - Publicado em 2 set 2021, 11h42

Em 11 de junho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no Rio de Janeiro com o prefeito Eduardo Paes (PSD), no Palácio da Cidade, sede do Poder Executivo municipal. Entre piadas e troca de gentilezas, na presença de correligionários, o almoço representou um dos atos de pré-campanha de Lula no estado na tentativa dele de retornar à Presidência da República. Em 2018, o então candidato Jair Bolsonaro (sem partido), que disputará a reeleição, venceu de lavada o petista Fernando Haddad em 89 das 92 cidades, o terceiro maior colégio eleitoral do país. De volta ao jogo após a prisão, Lula busca, agora, formar uma frente ampla para derrotar Bolsonaro. No entanto, quase três meses depois dos comes e bebes, Paes, segundo interlocutores do prefeito ouvidos por VEJA, afirma que só apoiará o ex-presidente se houver palanque único, ou seja, Lula ao lado exclusivamente do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, escolhido por Paes para concorrer ao governo fluminense.

O plano de Eduardo Paes, porém, esbarra no deputado federal Marcelo Freixo (PSB). O parlamentar tem trabalhado para criar uma coligação progressista, unindo partidos de esquerda, e também de centro em torno de sua pré-candidatura à sucessão do governador Cláudio Castro (PL). Neste caso, de mãos dadas a Lula. Nos bastidores, apesar da excelente relação com Freixo, Paes confidencia aos mais próximos que não aceitará o ex-presidente em dois palanques no Rio, com Freixo e Santa Cruz. O prefeito avalia que Lula teria mais a ganhar eleitoralmente na companhia do presidente da OAB, que espera a conclusão de seu mandato na Ordem, no início de 2022, para assinar a ficha de filiação ao PSD.

Na opinião de Paes, de acordo com aliados, Freixo (líder nas pesquisas) corre o risco de não vencer no segundo turno por ainda ter à sombra, na visão dos eleitores do estado do Rio, o radicalismo dos tempos de PSOL, sua antiga legenda durante 16 anos. O deputado se filiou ao PSB justamente para mudar o perfil. “No PSB terei a chance de fazer uma aliança mais ampla, com partidos progressistas e de centro, para enfrentar o grupo político que faliu o Rio e entranhou a corrupção no estado”, justificou Freixo em entrevista nas Paginas Amarelas de VEJA em junho.

Nas redes sociais, Lula afirmou que o almoço com Eduardo Paes rendeu um “diálogo importante para falar da situação do Rio e do Brasil”. Em nota, o ex-presidente disse ainda: “O Brasil poderia ter uma das maiores indústrias navais do mundo. Lembro de quando descobrimos o pré-sal, tinha gente que não acreditava que conseguiríamos explorar. Hoje, conseguimos tirar petróleo a 7 mil metros de profundidade. E eu que já visitei tantos estaleiros ao longo da minha vida, hoje volto ao Rio com tristeza vendo o desmonte da indústria naval”. No véspera do encontro com Paes, Lula se reuniu com lideranças da esquerda e de centro-esquerda, entre eles Freixo.

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Na semana passada, o vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, defendeu uma aliança Lula-Cláudio Castro. Não demorou muito para a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, rebater, considerando que a posição de Quaquá é “absolutamente pessoal” e “não reflete” a do PT. No Rio, os petistas negociam aliança com Freixo. “Não temos relação política com o Cláudio Castro. E temos um campo progressista definido no Rio, que reúne PSB, PCdoB, PT, PSOL. É nessa construção que nós vamos”, afirmou Gleisi, durante um evento com Lula na Senzala do Barro Preto, em Salvador. Castro é aliado de Bolsonaro. Por isso, loteou o governo para nomear bolsonaristas. O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho mais velho do presidente, também tem influência no Palácio Guanabara, principalmente na área de Segurança. O Rio é a base eleitoral do clã.

Freixo, por sua vez, quer o apoio de Paes. Em 20 de agosto, os dois almoçaram juntos no Palácio Rio 450, em Oswaldo Cruz, na Zona Norte da capital. “Nós sempre conversamos. Falamos hoje sobre eleição, pesquisas e sobre o caso do ex-secretário estadual de Administração Penitenciária, que tentou fazer acordo com o Comando Vermelho. O Rio, neste momento, precisa de união. O importante é nós (Freixo e Paes) estarmos juntos”, disse Freixo a VEJA depois do encontro.

Paes tem percorrido o estado nos fins de semana, o que faz crescer a especulação de que o próprio seria o candidato a governador no ano que vem – ele foi derrotado pelo ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC), em 2018. O prefeito, que está no terceiro mandato, sempre negou a intenção de concorrer em 2022 e de estar mexendo as peças do tabuleiro eleitoral de olho em 2026. Embora aposte todas as fichas em Felipe Santa Cruz, Paes não descarta uma possível aliança com Cláudio Castro, mesmo sendo as chances remotas. Isso só ocorreria, eventualmente, se os Bolsonaro estivessem bem longe do governo estadual.

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