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Lula quer cortar o nome “favela” das cidades brasileiras

Prefeito do Rio erra nome do Morro Santa Marta e é socorrido pelo presidente: 'Tudo bem, quem não é daqui não tem obrigação de conhecer', brincou

Por Rafael Lemos, do Rio de Janeiro
30 ago 2010, 13h27

Lula sobre favelas: “Antes era romântico, dava até samba. Mas com o desprezo do estado, aquilo que dava enredo para escola de samba virou um lugar violento, com espaço só nas páginas policiais”

No lançamento de um programa para promover o turismo em favelas que receberam Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio, na manhã desta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que é preciso “cortar o nome favela” das cidades brasileiras, para que as áreas carentes sejam definitivamente integradas à cidade. “Somos de uma geração que precisa correr atrás do tempo perdido para que as futuras gerações não precisem chamar de favela. Que tudo seja bairro, vamos cortar o nome favela”, disse o presidente, aplaudido por moradores em um palco improvisado no camarote da quadra de uma escola de samba do Morro Dona Marta, também chamado de Santa Marta, em Botafogo, zona sul da cidade.

Lula criticou a visão romântica sobre a miséria. “Antes era romântico, dava até samba. Mas com o desprezo do estado, aquilo que dava enredo para escola de samba virou um lugar violento, com espaço só nas páginas policiais”, disse.

Chamado de “amigo da comunidade” pelo presidente da associação de moradores, Lula sentiu-se à vontade para brincar com o prefeito Eduardo Paes, ao socorrê-lo diante de uma gafe. Paes, depois de elogiar o projeto das UPPs e de contar que o vidro do gabinete do palácio da cidade havia sido blindado na gestão do prefeito Luiz Paulo Conde, confundiu-se e trocou o nome da favela, chamando o morro de “Santa Bárbara”.

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Lula, então, pôs seu carisma a serviço do alcaide para evitar estrago maior: “É Santa Marta, viu, Eduardo. Mas tudo bem, quem não é daqui não tem obrigação de conhecer. Somente nós da comunidade é que sabemos que é Santa Marta”, brincou, arrancando risos da plateia, a quem prometeu, também, voltar ao morro para comer um churrasco e tomar um “chopinho, porque ninguém é de ferro”.

Não se pode dizer, no entanto, que Lula tenha ficado imune a gafes. Depois de afirmar que as UPPs são um projeto para ser estendido a todo o país – “é um projeto que espero que nos próximos anos possa ser levado para o Brasil inteiro -, Lula falou da oportunidade de redução da violência nas favelas, mas de um jeito pouco convencional: “(A UPP) é condição fundamental para que a violência seja só a do dia-a-dia. Aquela violência normal, que acontece nas melhores famílias”, disse.

Antes de Lula tinham discursado Eduardo Paes e a primeira-dama do estado, Adriana Ancelmo, que representava o governador Sérgio Cabral. Ambos deram um jeito de lembrar o nome de Cabral, impedido de participar de inaugurações pela lei eleitoral.

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“Não posso falar o nome do governador Sérgio Cabral, mas faço questão de registrar aqui”, disse o prefeito Eduardo Paes, antes de elogiar as Unidades de Polícia Pacificadora e de citar sua experiência pessoal. O prefeito foi o primeiro a discursar, observado pela primeira-dama do estado, Adriana Ancelmo. A secretária estadual de Esportes e Turismo, Márcia Lins, também não desperdiçou a chance de citar o governador: “Tínhamos muitos moradores de Botafogo que não podiam vir aqui. Faço um agradecimento ao governador Sérgio Cabral, que eu não podia falar, mas vou”.

O Rio Top Tour, lançado no Dona Marta, deve ser estendido a todas as favelas que receberam UPPs. O projeto recebe recursos do Ministério do Turismo e do governo do estado para capacitar jovens das próprias comunidades para guiar visitantes. “O turismo que se desenvolve aqui é local, da cidade. Tínhamos muitos moradores de Botafogo que não podiam vir aqui”, defendeu Adriana Ancelmo.

O evento no Dona Marta teve também a entrega dos dois primeiros cheques de um programa de financiamento ao empreendedorismo promovido pela agência estadual de fomento, a Investe Rio. “Isso aqui é um empréstimo. Não é dinheiro dado, não”, brincou Lula, dirigindo-se aos moradores.

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O presidente destacou também o fato de as UPPs permitirem que a favela fosse visitada por pessoas da comitiva presidencial que nunca tinham pensado em subir o morro. Lula estava acompanhado dos ministros Márcio Fortes, das Cidades, Luiz Paulo Barreto, da Justiça, Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, e do presidente do Sebrae, Paulo Okamoto.

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