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Lula descarta uma nova Carta ao Povo Brasileiro

Líder nas pesquisas, ex-presidente alega que os seus dois mandatos são a melhor prova de sua responsabilidade na gestão da economia

Por Daniel Pereira Atualizado em 9 abr 2022, 16h52 - Publicado em 9 abr 2022, 16h51

Em junho de 2002, o então candidato Lula, em sua quarta tentativa de conquistar a Presidência da República, divulgou a Carta ao Povo Brasileiro, em que prometia respeitar contratos, combater a inflação e “preservar o superávit primário o quanto for necessário para impedir que a dívida interna aumente e destrua a confiança na capacidade do governo de honrar os seus compromissos”. Foi uma tentativa de reduzir as suspeitas em torno da política econômica que seria adotada pelo PT e a resistência de setores importantes do PIB à candidatura de Lula. Deu certo. Até hoje, o documento é considerado uma das apostas mais certeiras daquela eleição.

“Hoje, passados anos de seu lançamento, já não resta dúvida sobre o papel tranquilizador que a Carta ao Povo Brasileiro desempenhou e como ela ajudou a devolver serenidade à economia brasileira em um momento tão crítico da vida nacional”, escreveu o ex-ministro Antonio Palocci, um dos idealizadores da iniciativa, num livro que ele publicou em 2007 —  muito antes, portanto, de ser fisgado pela Operação Lava-Jato, delatar o antigo chefe e se tornar persona non grata entre os petistas. Quase vinte anos depois, Lula está de volta como pré-candidato, lidera as pesquisas e, como em 2002, é alvo da desconfiança de setores da elite empresarial e financeira, que apoiaram Jair Bolsonaro em 2018.

Apesar disso, o ex-presidente não está disposto, até aqui, a editar uma nova Carta ao Povo Brasileiro ou fazer qualquer gesto parecido. Ele alega que os resultados obtidos em seus dois mandatos são prova incontestável de sua responsabilidade na gestão da economia. Na campanha, será repetido à exaustão que no governo Lula houve, pela primeira vez na história, uma combinação de crescimento econômico, inclusão social, redução das desigualdades e responsabilidade fiscal. A escolha para vice do ex-governador Geraldo Alckmin, que trocou o PSDB pelo PSB, também será usada como mais uma evidência de que não haverá aventuras na condução da economia. 

“O Geraldo Alckmin foi vice de (Mário) Covas (ex-governador de São Paulo) por 6 anos, foi governador e tem experiência política. Nós vamos precisar da minha experiência e da experiência do Alckmin para reconstruir o país, conversando com toda a sociedade brasileira”, declarou o ex-presidente ao discursar ao lado de seu provável vice na última sexta-feira, 8. Conversar com toda a sociedade brasileira é justamente um dos desafios do petista. Até agora, Lula tem falado basicamente para convertidos e defendido ideias econômicas que são caras ao PT. Isso, obviamente, é explorado por Bolsonaro, que tenta segurar empresários e banqueiros em sua nau.

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Há ainda um problema maior para Lula: o governo de sua sucessora, Dilma Rousseff, que levou o país à maior recessão da história. O PT quer circunscrever o debate econômico aos mandatos do ex-presidente. Já Bolsonaro fará de tudo para lembrar o eleitor do desempenho catastrófico de Dilma na área. Essa batalha de narrativa ainda está no começo. A depender de sua evolução, Lula e o PT podem se sentir compelidos, mais uma vez, a assumir novos compromissos publicamente. Por enquanto, não pensam em fazer isso. Primeiro, porque Lula se sente numa situação relativamente confortável — segundo as pesquisas, ele é considerado o mais preparado entre os candidatos para resolver os problemas econômicos do país. Segundo, porque Bolsonaro enfrenta uma conjuntura econômica complicada, na qual se destaca a inflação.

 

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