Lobista diz que ajudou Duque a abrir conta para propina
Júlio Camargo confirma em depoimento ter feito pagamentos irregulares ao indicado pelo PT para a Diretoria de Serviços da Petrobras
O lobista Júlio Camargo afirmou à Justiça Federal do Paraná nesta segunda-feira que fez pagamentos de propina em uma conta no exterior registrada em nome do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, indicado ao cargo pelo PT. O suborno foi desembolsado para recompensá-lo por facilidades em contratos da estatal.
Preso em 14 de novembro, Duque conseguiu o direito de responder em liberdade a processo por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O Ministério Público Federal ainda rastreia os pagamentos recebidos pelo ex-diretor de Serviços no exterior. Camargo disse ter apresentado aos procuradores da República extratos das transferências bancárias e afirmou que a conta era de titularidade de Duque, porque cuidou pessoalmente de auxiliá-lo na abertura dela.
“Identifiquei uma conta só que era do Renato Duque, porque auxiliei na abertura da conta, no mesmo banco onde eu tinha conta, e houve transferência da minha conta para a conta dele, então identifiquei esse depósito”, afirmou o lobista.
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Já a propina paga ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa era paga em contas indicadas pelo doleiro Alberto Youssef, de acordo com Camargo. O lobista voltou a afirmar que o pagamento de suborno por contratos da estatal era a “regra do jogo”. Sem esses desembolsos, não era possível fechar contratos com a petrolífera.
Para não ser preso, Camargo fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, pelo qual se comprometeu a colaborar com as investigações em troca de uma punição mais branda. Ele foi ouvido como testemunha de acusação na ação penal movida pelo Minsitério Público Federal contra executivos da Galvão Engenharia, Costa e Youssef.
Além do lobista, também foram interrogados o empresário Augusto Mendonça Neto, que também fez acordo de delação premiada, o delegado Márcio Anselmo, responsável pelo inquérito, e dois ex-colaboradores de Youssef – a contadora Meire Poza e o doleiro Leonardo Meirelles.
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