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Lava Jato: ex-deputado minimiza influência política e pede absolvição

Ministério Público diz que Pedro Corrêa recebeu mais de 40 milhões de reais em propina no esquema do petrolão. Ele negocia acordo de delação premiada

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 out 2015, 12h54

O ex-presidente do Partido Progressista (PP) e deputado cassado Pedro Corrêa encaminhou ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato em Curitiba, suas alegações finais antes da sentença a que deve ser submetido e disse que não existem provas de que ele participou do escândalo do petrolão ou de que embolsou propina de contratos fraudados na Petrobras. A fase de alegações finais, em que ele pediu a absolvição, é a última antes de Corrêa receber o veredicto de culpado ou inocente na Lava Jato.

Conforme revelou VEJA, o ex-deputado, que também já foi condenado no julgamento do mensalão, negocia um acordo de delação premiada e ameaça detalhar a participação de políticos do PP no propinoduto que sangrou os cofres da Petrobras. Ele já disse aos procuradores que o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff não apenas sabiam da existência do petrolão como agiram pessoalmente para mantê-lo em funcionamento. Corrêa ressaltou aos investigadores que o ex-presidente tinha plena consciência de que o objetivo dos aliados, ao indicar cargos na Petrobras, era instalar operadores na estatal para arrecadar dinheiro e fazer caixa de campanha.

Nas alegações finais, Pedro Corrêa não fez – como não poderia fazer – alusão às negociações da delação, mas contesta a autoridade do juiz Sergio Moro para conduzir os processos da Lava Jato, minimiza sua alegada influência política sobre a cúpula da petroleira e diz que o Ministério Público reuniu apenas “indícios”, e não provas, de supostos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e peculato. “Ainda que se admita que o réu Pedro Corrêa tenha participado das articulações para a nomeação de Paulo Roberto Costa [na diretoria de Abastecimento da Petrobras], é totalmente improvável que pudesse dar apoio político para mantê-lo no cargo (e receber propina) depois de perder o mandato no ano de 2006”, diz o advogado do ex-parlamentar. “A suposta força política do réu Pedro Corrêa é baseada apenas em depoimentos vazios, sem nenhum elemento objetivo ou situação fática concreta que possa demonstrar a existência de tal poder”, completa a equipe de defesa.

Os advogados também alegam que a acusação não teria conseguido comprovar o pagamento de propina a Corrêa, utilizando apenas “suposições” e depoimentos de delatores premiados. Segundo o Ministério Público, Pedro Corrêa embolsou 40,7 milhões de reais em propina, mas a defesa argumenta que esses valores não foram encontrados em posse do ex-deputado. “Presume o Ministério Público Federal que, em espécie, milhões de reais foram repassados ao réu Pedro Corrêa, à margem do sistema bancário. Não há nos autos nenhum documento que demonstre como quantias tão vultuosas deixaram o sistema financeiro, já que as supostas propinas foram repassadas a Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef por meio de transferências bancárias no Brasil e no exterior. Não há nada nos autos que demonstre o mecanismo utilizado para realizar saques em instituições financeiras em valores tão elevados”, diz o defensor.

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Em depoimento ao juiz Sergio Moro, porém, o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Operação Lava Jato, disse que políticos do Partido Progressista receberam repasses mensais de até 750.000 reais em propina, a partir de dinheiro desviado na Petrobras, durante a campanha eleitoral de 2010. Um dos beneficiários preferenciais da propina do PP era, segundo Youssef, o ex-deputado Pedro Corrêa.

O doleiro estimou que repassou, apenas no ano de 2010, 7,5 milhões de reais em propina para Corrêa, deputado cassado e condenado no julgamento do mensalão por corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo Youssef, Pedro Corrêa continuou recebendo dinheiro desviado da Petrobras mesmo depois de cassado e ainda durante o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele disse que o político não perdeu poder dentro do partido mesmo depois da cassação ou do mensalão. “Ele fazia parte do partido e o compromisso tinha que ser cumprido. Eram feitos os pagamentos normalmente [durante o mensalão]”, disse.

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