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Lava Jato aponta propina da Odebrecht para Cerveró

Suspeita nasceu do rastreamento de uma operação de dólar-cabo feita, segundo a força-tarefa, por Bernardo Freiburghaus, apontado como operador de propinas da empreiteira

Por Da Redação
7 jul 2015, 19h18

A força-tarefa da Operação Lava Jato suspeita que a Odebrecht pagou propinas também para o ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, preso desde janeiro deste ano. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), em petição, nove procuradores da República reafirmam a necessidade da manutenção do decreto de prisão preventiva de executivos e do presidente Marcelo Odebrecht, todos da maior empreiteira do país, presos pela Lava Jato em 19 de junho.

“A conta Forbal era de Nestor Cerveró, o que indica pagamentos da Odebrecht também em favor de Cerveró no exterior”, destacam os procuradores em referência à conta que o ex-diretor mantinha no Uruguai em nome da Forbal Investment Inc – offshore constituída por Cerveró em 29 de abril de 2008, no paraíso fiscal de Belize, na América Central. Ele havia deixado a função estratégica na estatal um mês antes.

Cerveró foi condenado a cinco anos de prisão por lavagem de dinheiro e também é acusado de corrupção passiva – ele teria recebido 30 milhões de dólares em propinas em contatos de navios-sonda da Petrobras, em 2006 e 2007.

A suspeita nasceu do rastreamento de uma operação de dólar-cabo feita, segundo a força-tarefa, por Bernardo Freiburghaus, apontado como operador de propinas da Odebrecht, e pelo estatístico Alexandre Amaral de Moura. Em depoimentos aos procuradores, em 30 de junho, Moura detalhou a transação em que autorizou as transferências de 300.000 dólares para a conta Forbal, de Cerveró, no banco suíço Julius Baer, e de 340.000 dólares para a conta Quinus, do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, no HSBC Private Bank da Suíça.

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Leia também: Advogado ‘entrega’ Cerveró para a PF

“As declarações de Alexandre Amaral dão conta de operação de dólar-cabo em que Bernardo Shiller (Freiburghaus) disponibilizou valores em espécie para ele. Amaral tinha valores no exterior e pretendia trazê-los para o Brasil. Para operacionalizar essa internação, Amaral entrou em contato com Freiburghaus. O último, em vez de orientar o primeiro a fazer um contrato de câmbio, usou tal operação para dissimular pagamentos de propina da Odebrecht para Paulo Roberto Costa. Assim, Amaral efetuou um depósito de 340.000 dólares a crédito da offshore Quinus Services, mantida por Paulo Roberto Costa no HSBC Private Bank da Suíça, da qual Freiburghaus era procurador. Esse crédito foi efetuado porque, simultaneamente, a Odebrecht queria remeter recursos para pagar propinas a Paulo Roberto Costa. Em contrapartida, no Brasil, Freiburghaus coletou recursos disponibilizados em espécie pela Odebrecht e entregou a Amaral”, informa o MPF.

Entenda o esquema – Os procuradores, baseados no relato de Moura, destacam ainda que esse tipo de operação é chamada de dólar cabo. “Trata-se de uma compensação financeira que quebra o rastro dos recursos. Caso alguém seguisse os recursos de Amaral, no exterior, acabaria na conta de Paulo Roberto Costa, quando na verdade a transferência para este correspondeu a pagamento em espécie no Brasil. Caso alguém seguisse os recursos pagos em espécie no Brasil pela Odebrecht, acabaria chegando a Amaral, quando na verdade eles eram meios de pagar Paulo Roberto Costa no exterior.”

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O valor depositado na conta Quinus integra a fortuna de 23 milhões de dólares em propinas pagas a Paulo Roberto Costa. O ex-diretor confessou o recebimento do dinheiro. Cerveró, oficialmente, sustenta que não tem envolvimento com o esquema de desvios na Petrobras e negou diante do juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, ter contas fora do Brasil.

Na segunda-feira, os procuradores entregaram ao juiz Sérgio Moro o resultado do cruzamento de ligações telefônicas entre o diretor da Odebrecht Rogério Araújo, afastado do cargo após ser preso, e o operador de propinas Bernardo Freiburghaus, que está foragido na Suíça. São 135 telefonemas, registrados entre julho de 2010 e fevereiro de 2013 -neste período, a Odebrecht, segundo a força-tarefa, depositou os valores nas contas de Paulo Roberto Costa, na Suíça.

A empreiteira nega reiteradamente envolvimento com o esquema de corrupção e cartel na Petrobras, e também afirma não ter relações com o doleiro foragido Bernardo Freiburghaus. A Odebrecht ainda sustenta taxativamente que jamais pagou propinas a ex-dirigentes da Petrobras.

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(Com Estadão Conteúdo)

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