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Lacerda critica ‘conchavos’, retira candidatura em Minas e deixa o PSB

Ex-prefeito de BH havia contrariado o próprio partido ao sair candidato; para PSB, Lacerda não entende que política é "construção coletiva" e "diálogo"

Por Estêvão Bertoni Atualizado em 21 ago 2018, 19h24 - Publicado em 21 ago 2018, 15h52

O ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda anunciou nesta terça-feira (21) a desistência de sua candidatura ao governo de Minas Gerais e sua desfiliação do PSB, partido em que esteve nos últimos onze anos.

Em carta divulgada nas redes sociais, ele justificou a decisão como uma maneira de evitar “insegurança jurídica” até a véspera do primeiro turno e para não prejudicar as candidaturas dos deputados do PSB no estado.

O imbróglio envolvendo sua candidatura teve início no começo de agosto, quando o PT e o PSB anunciaram um acordo que consistia na neutralidade do PSB em âmbito nacional em troca de apoio petista em candidaturas estaduais. Com isso, o PT conseguiu isolar Ciro Gomes (PDT), que brigava pelo apoio dos pessebistas na corrida presidencial.

Lacerda havia sido escolhido candidato do PSB ao governo de Minas Gerais em convenção estadual do partido, mas o acordo nacional minou sua candidatura. O PT prometeu apoiar as candidaturas do PSB no Amazonas, Amapá, Paraíba e Pernambuco (onde a petista Marília Arraes teve de desistir de se candidatar ao governo do estado), enquanto o PSB apoiaria a candidatura do governador Fernando Pimentel (PT) em Minas.

O ex-prefeito de Belo Horizonte não aceitou a decisão da direção nacional de sua sigla e registrou sua candidatura mesmo assim. Ela, porém, passaria pelo crivo da Justiça Eleitoral.

“A impossibilidade do julgamento definitivo do assunto, desenhada nos últimos dias no âmbito da Justiça Eleitoral, conduz esta insegurança jurídica até a véspera do 1º turno, o que me leva a retirar minha candidatura. Esse prazo alongado dificulta e muito a mobilização de apoiadores e, especialmente, tornará muito fragilizada a situação dos candidatos a deputado do PSB, que estão contra sua vontade, presentes em duas coligações”, afirmou, em carta intitulada “A velha política conseguiu me tirar dessa eleição”.

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Lacerda fez duras críticas ao PT e ao próprio partido. “Dois comandos partidários, de forma antidemocrática e arbitrária, fizeram, na calada da noite, nos porões sombrios dos gabinetes em Brasília, o mais podre dos conchavos políticos. A cúpula do PSB e do PT conspiraram para retirar a minha candidatura a governador de Minas Gerais, impedindo a desvinculação definitiva do tradicional papel de braço do PT, desempenhado pelo PSB”, escreveu.

Para ele, os conchavos políticos ainda “imperam no Brasil”. “Sou retirado da disputa esperando, sinceramente, que esse fato deplorável que ocorreu com a minha candidatura sirva de exemplo para ajudar a transformar de fato a nossa política. Não podemos mais deixar que acordos e conchavos de gabinete predominem sobre a vontade popular.”

Lacerda também anunciou sua desfiliação. “Infelizmente, este conchavo de sua direção nacional terá reflexos ainda mais profundos no PSB e, principalmente, nos olhos de quem enxergava neste partido alguma coisa diferente na vida partidária deste país”, criticou.

Na pesquisa CNT/MDA, divulgada em 31 de julho (MG-04357/2018), Lacerda aparecia em terceiro lugar nas intenções de voto, com 9,7%, atrás do tucano Antônio Anastasia (21,5%) e do petista Fernando Pimentel (13,3%).

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Resposta do PSB

Ainda nesta terça-feira, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, rebateu Lacerda em outra carta. Ele afirma que o motivo da desistência da candidatura “se dá como consequência natural da derrota certa que encontraria na Justiça Eleitoral”.

“Márcio Lacerda não compreende que política é uma atividade que se exerce por meio de construções coletivas. Ou seja, diálogo não é conchavo; construir candidaturas viáveis não equivale a fazer má política; ouvir o conjunto de forças envolvidas não representa caudilhismo”, afirmou Siqueira.

O presidente da sigla diz ainda que Lacerda sempre foi avisado sobre o andamento das decisões nacionais e o criticou por tentar “impor a todos, por meio da judicialização do processo, sua vontade individual”.

Siqueira acusa Lacerda de ser um político “inseguro, vacilante e indeciso”. Diz ainda que o ex-prefeito de Belo Horizonte “faz política sem qualquer consideração ao esteio de relações que ela implica” e o classifica como “autoritário” e “personalista”.

A carta do presidente do PSB ainda lembra que Lacerda anunciou a retirada da candidatura do executivo Paulo Brant para a Prefeitura de Belo Horizonte, em 2016, para apoiar o candidato do PSD –que recebeu apenas 3% de votos.

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