Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Justiça sequestra R$ 160 mi de grupo de ex-governador de MS

André Puccinelli foi preso nesta última terça-feira pela Polícia Federal acusado de desviar pelo menos R$ 235 milhões de cofres públicos

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 15 nov 2017, 12h24 - Publicado em 15 nov 2017, 11h40

A Justiça Federal decretou o sequestro de 160 milhões de reais do ex-governador de Mato Grosso do Sul André Puccinelli (PMDB) e de outros integrantes da organização criminosa supostamente liderada por ele no Estado. A medida atinge bens móveis e imóveis do peemedebista e de aliados dele, incluindo seu filho, o advogado André Puccinelli Júnior.

Puccinelli e seu filho foram presos, nesta última terça-feira (14), na Operação Papiros de Lama, quinta fase da Lama Asfáltica – investigação sobre desvios de 235 milhões de reais por meio de fraudes em licitações para obras rodoviárias e propinas em troca de créditos tributários a grupos empresariais.

O ex-governador foi delatado pelo pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, que revelou pagamentos em dinheiro vivo para o peemedebista. A propina era retirada em São Paulo e levada pelo delator até Campo Grande em mochilas e caixas que chegavam às mãos de Puccinelli.

Segundo a Polícia Federal (PF), Ivanildo foi revelado por outro delator, o executivo Wesley Batista, da J&F. À Procuradoria, Wesley contou que Ivanildo levava a propina do grupo ao ex-governador, que teria recebido 20 milhões de reais.

Continua após a publicidade

No acordo que fechou com a Procuradoria, Ivanildo comprometeu-se a pagar 3 milhões de reais de multa em seis parcelas. E, também, entregar aos investigadores os registros das viagens que alega ter feito para pegar a propina supostamente destinada a Puccinelli.

A PF atribui ao ex-governador ‘papel central’ na organização. “Havia um comando na organização criminosa na figura do ex-governador, que tinha operadores e também beneficiários nesse sistema de lavagem de dinheiro que perdura até hoje”, disse o delegado Cléo Mazzotti, da PF em Campo Grande.

Segundo Mazzotti ‘a continuidade na conduta delitiva justifica as preventivas deferidas’. “A investigação entende que o ex-governador, nessa estrutura, tinha um papel central. Até porque (Puccinelli) era beneficiário e garantidor de todo o esquema.”

Continua após a publicidade

Puccinelli usava tornozeleira eletrônica desde maio, por ordem judicial. Ele foi o chefe do Executivo de Mato Grosso do Sul por dois mandatos, entre 2007 e 2014, período em que teria recebido propinas em dinheiro vivo das mãos de Ivanildo. O delegado Cléo Mazzotti disse que o bloqueio no montante de 160 milhões de reais de Puccinelli e de outros investigados alcança ‘pessoas físicas e jurídicas’.

“É preciso proteger a sociedade retirando essas pessoas de circulação, por isso que nesse momento houve o deferimento dos pedidos de prisão preventiva”, disse o delegado.

A PF assinala que as provas contra o ex-governador não se limitam aos relatos do pecuarista delator. “Não é só o testemunho dele (Ivanildo). Documentos comprovam (a delação)”, diz Mazzotti. “Óbvio que quem paga e quem recebe propina, normalmente, não vai dar um recibo, ‘eu paguei propina,. eu recebi propina’. Então, todo o arcabouço tem que ser comprovado de forma documental. No caso da Lama Asfáltica não têm recibos, mas planilhas.” Ele ressaltou que a investigação ‘não é uma ideia brilhante, fruto de um lapso genial’.

Continua após a publicidade

“Desde o início a investigação vem sendo concatenada. É um trabalho paulatino e diário de análise das instituições (PF, Procuradoria, Receita e Controladoria). Esse trabalho vem sendo cada vez mais corroborado, demonstrando seriedade. A investigação passou por juízos diferentes e todos acabaram se convencendo de das medidas necessárias. Nem todas deferidas, isso não importa. O que é importante é que a linha investigativa é acertada.”

Defesa

O advogado Renê Siufi, que defende o ex-governador André Puccinelli e o filho reagiu com veemência à versão do delator Ivanildo, que alegou ter repassado propinas em dinheiro vivo para o peemedebista. “É inconsistente (a delação), ele fala que arrecadou até março de 2015. Nessa época, o André Puccinelli nem era mais governador. Só se ele (Ivanildo, o delator) estava arrecadando para alguém e para ele próprio”, declarou Siufi.

Continua após a publicidade

Depois da audiência de custódia, realizada no final da tarde desta terça-feira em que a Justiça Federal em Campo Grande negou pedido de substituição do decreto de prisão preventiva contra Puccinelli e seu filho, por medidas cautelares, o defensor disse que vai ingressar com pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3). O advogado afirma que Puccinelli nunca recebeu propinas.

Renê Siufi disse que Puccinelli já foi ouvido três vezes na Polícia Federal sobre os fatos atribuídos a ele na Operação Lama Asfáltica. “Ele (Puccinelli) já falou sobre 90%, os outros 10% são referentes à delação (de Ivanildo Miranda) que é totalmente inconsistente.”

A prisão dos Puccinelli foi decretada com fundamento de que eles continuam praticando delitos, que a organização criminosa é permanente e lava dinheiro.

Continua após a publicidade

“Achei estranho a ordem de prisão preventiva porque não tem sequer processo criminal contra o governador e o menino. Não tem processo e eles nem foram indiciados na Polícia Federal, foram ouvidos em declarações. Nunca vi isso em 47 anos de advocacia”, desabafou Renê Siufi.

Na audiência de custódia, o advogado requereu que a prisão preventiva fosse transformada em medidas cautelares. Mas o pedido não foi acolhido.

A Operação Papiros de Lama atribui a Puccinelli Júnior emissão de notas fiscais frias para lavar dinheiro. “Não tem prova nenhuma contra o menino, ele nunca recebeu nenhum dinheiro ilícito”, afirma Renê Siufi. “Isso é uma bobagem, (o delator) vai ter que provar. Os irmãos Batista (Joesley e Wesley JBS) não provaram nada e acabaram presos. Esse (Ivanildo Miranda, delator de Puccinelli) vai pagar 3 milhões de reais e não tem prova de nada do que diz.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.