Justiça homologa acordo e delator da Camargo Corrêa deve deixar carceragem da PF
Sérgio Moro, juiz responsável pela Operação Lava Jato em primeira instância, reconheceu validade da colaboração de Eduardo Leite
A Justiça Federal homologou nesta terça-feira o acordo de delação premiada do presidente da construtora Camargo Corrêa, Dalton Avancini, e do vice-presidente da empresa, Eduardo Leite. Os dois foram presos no dia 14 de novembro, na Operação Lava Jato, e são acusados de pagar propina a funcionários da Petrobras em troca de benefícios na estatal.
Com a homologação, os dois poderão responder ao processo em liberdade. Leite já saiu da carceragem da Polícia Federal em Curitiba e está com a família. Avancini deve sair nos próximos dias.
Em troca da liberdade, Avancini vai pagar multa de 5 milhões de reais, e Eduardo Leite, de 2,5 milhões de reais. Nos depoimentos do acordo de delação, os executivos deram detalhes do esquema de corrupção dentro Petrobras, e sobre a atuação das empreiteiras do clube do bilhão, o cartel de 23 empresas que fraudou licitações e corrompeu funcionários públicos e políticos.
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Nos depoimentos prestados no acordo, eles confirmaram pagamento de propina para João Vaccari Neto, tesoureiro nacional do PT, e para Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal.
Avancini fez revelações sobre o esquema de corrupção na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, o que os investigadores já chamam de “eletrolão”. O consórcio integrado pela Camargo Corrêa tinha um contrato de cerca de 20 bilhões de reais em obras. A construtora tinha participação de 16% no consórcio responsável pela obra, dos quais 1% voltava para o PT e outro 1% para o PMDB em forma de propina.
Os executivos também afirmaram que os 900 mil reais que a Camargo Corrêa pagou para a JD Consultoria, empresa do mensaleiro José Dirceu, eram, na verdade, suborno para o petista.