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Juiz que executou pena de mensaleiros recebeu petistas no gabinete, diz jornal

Ademar Silva de Vasconcelos foi afastado da execução das penas dos condenados no processo após pressão de Barbosa

Por Da Redação
21 dez 2013, 10h02

O juiz titular da Vara de Execuções Penais (VEP) de Brasília, Ademar Silva de Vasconcelos, passou a receber visitas de lideranças petistas após a prisão dos condenados no julgamento do mensalão, informa a edição deste sábado do jornal O Globo. Por pelo menos duas vezes, o assédio ao magistrado aconteceu dentro do gabinete dele na VEP. No final de novembro, quase dez dias após as primeiras prisões de condenados no processo do mensalão, Vasconcelos foi afastado da execução das penas dos mensaleiros. A decisão se deu após pressão do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal.

Segundo o jornal, o líder do PT na Câmara do DF, deputado distrital Chico Vigilante, esteve no gabinete do juiz no início da tarde de 17 de novembro, dois dias depois do presidente do STF, Joaquim Barbosa, decretar a prisão dos réus. Em 15 de novembro foram presos José Genoino, ex-presidente do PT, e José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil. No dia seguinte os dois foram encaminhados ao Complexo da Papuda, ao lado do ex-tesoureiro da sigla, Delúbio Soares.

Vigilante foi recebido por Vasconcelos para tratar da situação carcerária do ex-ministro José Dirceu, do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do ex-presidente do PT José Genoino. A visita de Vigilante antecedeu a decisão do juiz sobre o destino dos réus dentro da cadeira. No dia seguinte ao encontro, o magistrado decidiu colocar o núcleo político do mensalão numa única cela, em ala especial, no Centro de Internamento e Reeducação. O deputado confirma a visita: “Estive no gabinete com minha mulher e minha filha. Fui saber como estava a situação dos presos, colocados clandestinamente na Papuda. O juiz me disse que não podia fazer nada, pois esperava as guias de recolhimento por parte do presidente do STF”, afirmou o deputado petista.

Entre os que procuraram o juiz, está também o secretário de Administração Pública do governo do Distrito Federal, Wilmar Lacerda, que foi recebido no início da noite da última quarta-feira. Quando presidia o PT no DF, entre 2001 e 2006, Lacerda fez saques de 331.000 reais no Banco Rural. Ele integrou a lista de sacadores de dinheiro do esquema do mensalão, fornecida em 2005 por Simone Vasconcelos, ex-funcionária de Marcos Valério, operador do esquema. Simone, também condenada no escândalo, agora cumpre pena em um presídio em Belo Horizonte.

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A ofensiva de líderes petistas ao juiz também é recorrente por telefone. O governador do DF, Agnelo Queiroz, ligou para o titular da VEP depois da prisão dos colegas de partido. “Em razão do cargo que ocupa, o governador fala com o juiz da Vara Penal como fala com qualquer autoridade”, confirmou a assessoria de Agnelo.

O magistrado já manifestou a colegas também ter recebido um telefonema do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para tratar da condição dos presídios na Papuda. Cardozo nega. “O ministro não fez nenhuma ligação nem entrou em contato com ninguém”, afirmou a assessoria de Cardozo.

Vasconcelos também recebeu uma ligação do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Alves disse que o contato se limitou a um pedido de permissão para que a Junta Médica da Câmara examinasse o então deputado José Genoino. “Ele estava no hospital, e só autorizavam com premissa do juiz”, afirmou o presidente da Câmara.

Lacerda, secretário de Agnelo, disse que a visita ao juiz teve o único objetivo de tratar de pedidos de agentes penitenciários relacionados a condições de trabalho. Também compareceram ao gabinete, segundo o secretário, representantes do sindicato dos agentes: “O juiz mandou um ofício em setembro pedindo um cronograma de concurso público para agentes, atribuição da secretaria. Só tratamos disso e de condições de trabalho”, declara.

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O juiz titular da VEP foi afastado da condução dos processos do mensalão. Ao jornal, Vasconcelos disse ter o hábito de receber todos que o procuram: “Recebo todo mundo: mulheres de presos, pobres, pardos. A VEP também tem funções administrativas e recebe autoridades. O juiz deve estar o tempo todo à disposição da sociedade”.

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