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Investigado, ex-diretor afirma à CPI: ‘Petrobras não era casa de negócios’

Paulo Roberto Costa aproveita o clima tranquilo em uma sessão composta apenas por senadores alinhados com o governo

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 jun 2014, 12h21

Atualizado às 13h30

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa presta depoimento nesta terça-feira à CPI da Petrobras no Senado. Até aqui, contudo, Costa aproveita-se do clima amigável que lhe garante a comissão esvaziada pela oposição – e prefere não fazer quaisquer revelações que possam causar estragos em Brasília. Em uma sessão composta apenas por senadores alinhados com o Planalto, o homem considerado pela Polícia Federal um dos pivôs de um megaesquema de lavagem de dinheiro saiu em defesa dos negócios firmados pela companhia: “A Petrobras não era uma casa de negócios”, afirmou. Ao longo das mais de duas horas de depoimento, Costa aparenta tranquilidade, e nem de longe parece ter passado dois meses na prisão.

“Eu repudio veementemente que a Petrobras fosse uma casa de negócios e que existisse uma organização criminosa dentro da companhia. A Petrobras é uma empresa muito séria e tem níveis de aprovação de projetos e de gastos. Não é um diretor, um presidente que tem competência de fazer o que quiser”, disse o ex-diretor.

Costa foi preso durante a Operação Lava-Jato da Polícia Federal (PF) em março deste ano, ao lado do doleiro Alberto Youssef – e solto por decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é investigado por integrar um amplo esquema de desvio de recursos envolvendo a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, entre os anos de 2009 a 2014. E também por firmar uma série de negócios em parceria com Youssef, apontado como mentor do esquema criminoso desbaratado pela Operação. Conforme mostrou VEJA, são graves as suspeitas de que o ex-diretor de Abastecimento recebia propina para favorecer empresas contratadas pela Petrobras. Uma delas seria a Ecoglobal, que firmou um contrato de 500 milhões de reais com a petrolífera no ano passado; mesmo antes de começar a prestar os serviços, executivos da Ecoglobal já discutiam um aditivo de até 15% sobre o valor inicial.

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O ex-diretor admitiu conhecer Youssef. Contou que foi apresentado ao doleiro pelo ex-deputado do PP José Janene, morto em 2010. Apesar de ter acompanhado as notícias sobre a condenação de Youssef no caso Banestado, esquema de evasão de 30 bilhões de reais, Costa negou que soubesse que ele atuava como doleiro. O ex-dirigente afirmou ter prestado um serviço de consultoria a Youssef, que queria avaliar os benefícios da compra de uma empresa de poços de petróleo, e ter recebido como pagamento pelo serviço, avaliado em 300.000 reais, um carro do modelo Land Rover. “Eu sou uma empresa de consultoria. Se alguém quer pagar dessa maneira, não tenho nada contra”, alegou. Costa disse ainda que o trabalho foi firmado sem contrato, mas não explicou a opção pela informalidade do acordo.

Como esperado, Paulo Roberto nega ter havido superfaturamento na construção de Abreu e Lima. A obra, que tinha um custo inicial estipulado em 2,5 bilhões de dólares, deve ser concluída por um total de 20 bilhões de reais. O Tribunal de Contas da União (TCU) analisa o contrato da refinaria e já apontou uma série de indícios de irregularidades nos documentos. “Como já disse, o dado de 2,5 bilhões de reais era extremamente preliminar. Quando esse valor foi divulgado, nós não tínhamos um projeto da refinaria e nem licitação. Não houve má fé da Petrobras, não houve erro técnico. O erro foi em divulgar um dado preliminar. Não tem sobrepreço, não tem superfaturamento, não tem nada”. Em mais uma tentativa de justificar o aumento bilionário de custos, o ex-diretor aponta para o excesso de chuvas entre 2010 e 2011 e para as greves no setor. E sai em sua própria defesa: “Eu fiquei oito anos na diretoria da Petrobras. Ninguém fica oito anos em uma diretoria se não zelar pela companhia, se não for capaz tecnicamente e eticamente.”

Costa também foi convocado para prestar depoimento à CPI Mista da Petrobras, que a oposição busca fortalecer por meio do boicote à CPI no Senado. Resta saber se manterá tamanha tranquilidade em uma sessão que promete ser-lhe menos amigável.

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