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Graça Foster admite: “Não foi um bom negócio”

A presidente da estatal depõe na Comissão de Assuntos Econômicos e diz que compra de Pasadena foi falha e o parecer omitiu cláusulas importantes

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 abr 2014, 11h10

A presidente da Petrobras, Graça Foster, informou nesta terça-feira, em depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, “não foi um bom negócio” e que, com o passar do tempo, a transação tornou-se um “projeto de baixa probabilidade de retorno”.

Foster confirmou ainda a versão da presidente Dilma Rousseff de que um “parecer falho”, elaborado pela então diretoria da Área Internacional da petroleira, omitia as cláusulas Marlim e Put Option. A primeira cláusula previa à belga Astra Oil um lucro de 6,9% ao ano, independentemente das condições de mercado, enquanto a segunda obrigava a empresa brasileira a comprar a outra metade da refinaria caso houvesse desentendimento com a parceira da Bélgica. “Olhando aqueles dados, não foi um bom negócio”, admitiu Foster. “Não pode ser um bom negócio quando se tem que tirar dos resultados. Não há como reconhecer na presente data que tenhamos feito um bom negócio. Isso é inquestionável do ponto de vista contábil.”

“Com a compra dos 50% [da refinaria da belga Astra Oil], a Petrobras desembolsou 1,25 bilhão de dólares. O negócio originalmente concebido transformou-se em um empreendimento de baixo retorno sobre o capital investido”, admitiu. De acordo com a presidente, houve resultados positivos com o refino de petróleo leve só recentemente, com o projeto operando e produzindo resultado positivo de janeiro a março deste ano. “Era um bom projeto no início”, disse ela.

Aos senadores, Graça Foster relatou que a transação envolvendo Pasadena começou em 2006 e foi concluída em 2012, e justificou a compra pelo fato de a refinaria estar localizada em um ponto estratégico de refino e logística nos Estados Unidos, com facilidades no transporte. A refinaria está às margens do Houston Ship Channel, canal por onde circula grande parte da produção do golfo. “É uma refinaria de 100.000 barris por dia localizada em um dos principais ‘hubs’ de refino nos Estados Unidos. Pasadena está na beira do Houston Ship Channel, o que favorece o transporte de carga. Tudo isso traduz para a refinaria uma grande importância dentro do maior consumidor de combustíveis, que são os Estados Unidos”, alegou a presidente da Petrobras.

Parecer falho – Assim como já havia feito a presidente Dilma Rousseff, Foster informou que o Conselho de Administração da estatal não recebeu informações suficientes para a compra da refinaria de Pasadena e, no resumo executivo elaborado pelo então diretor Nestor Cerveró, não havia referência às cláusulas Put Option e Marlim. “Em nenhum momento do resumo executivo ou da apresentação de power point da Área Internacional foram citadas duas variáveis muito importantes: não se falou no Put Option nem de Marlim. Foi um resumo executivo sem a citação às duas clausulas contratuais completas, importantes”, relatou. “É obrigação de quem leva para a diretoria apontar pontos fortes e frágeis para a operação. Não existe atividade segura 100%”, completou ela.

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Questionada sobre a lentidão na punição a Cerveró, o autor do parecer que permitiu a compra de Pasadena, a presidente da estatal limitou-se a dizer que ele, de alguma forma, foi punido porque acabou removido do cargo de diretor internacional da Petrobras para o de diretor financeiro da BR Distribuidora: “É sim uma diretoria muito mais restrita”, disse ela. Cerveró só foi demitido em março, quando a imprensa divulgou novos detalhes do caso.

O depoimento de Graça Foster nesta terça-feira aos senadores é uma tentativa do governo de esvaziar e adiar a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Petrobras. A ideia é que os esclarecimentos de Foster esgotem questionamentos sobre irregularidades e contratos malsucedidos na petroleira e permitam que os governistas ganhem tempo para inviabilizar o funcionamento da CPI. Os governistas acreditam que os depoimentos como o da presidente da estatal podem adiar o início de funcionamento de uma CPI, de preferência até junho, quando o foco de atenção deve estar voltado para a Copa do Mundo, e não para o funcionamento do Congresso.

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