Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Governo se preocupava em ‘salvar’ empreiteiras, diz Dilma a Moro

Em depoimento como testemunha de defesa de Aldemir Bendine, ex-presidente afirmou que executivos corruptos devem ser punidos, e não as empresas

Por Da Redação Atualizado em 27 out 2017, 15h15 - Publicado em 27 out 2017, 14h34

A ex-presidente Dilma Rousseff prestou depoimento na manhã desta sexta-feira como testemunha no processo da Operação Lava Jato que tem entre os réus o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine. O ex-executivo das estatais, que arrolou Dilma como testemunha de defesa, é suspeito de ter recebido 3 milhões de reais em propina da Odebrecht em 2015, pouco depois de ter assumido a presidência da petrolífera.

A petista está em Belo Horizonte, onde acompanha o tratamento de um problema de saúde de sua mãe, e falou ao juiz federal Sergio Moro por meio de videoconferência. Na oitiva, Dilma foi questionada sobre o processo de nomeação de Bendine à presidência da Petrobras e a respeito das relações entre a Odebrecht e o governo.

Questionada pela defesa de Aldemir Bendine sobre um trecho da delação premiada do empreiteiro Marcelo Odebrecht em que ele cita o ex-ministro Aloizio Mercadante como interlocutor do Planalto junto à empresa, Dilma afirmou que o governo tinha “preocupação” em “salvar” as empreiteiras investigadas na Lava Jato e, por isso, manteve tratativas com a Controladoria-Geral da União (CGU), a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) a respeito dos acordos de leniência das empresas.

“Nós tínhamos, de fato, uma preocupação pública em relação a construir as condições de leniência para que o processo tivesse punição dos responsáveis, mas que se salvassem as empresas de engenharia deste país”, afirmou a ex-presidente. Para Dilma, devem ser punidos “executivos ou funcionários que pratiquem os malfeitos”, mas as empresas, enquanto “produtos sociais”, “tinham que ser preservadas”.

Continua após a publicidade

Indagada pelo advogado do empresário André Gustavo Vieira da Silva, um dos réus no processo, sobre a relação entre o governo e a Odebrecht, Dilma Rousseff ressaltou que a empresa “merecia toda atenção do governo” por sua relevância na economia do país, e não pelas doações que fazia a campanhas políticas.

“Muitas vezes a gente concordava com os rumos propostos pelo Grupo Odebrecht, e é público e notório que muitas vezes, também, nós discordávamos. Tínhamos uma relação de grande interesse, não porque eles contribuíssem com a campanha, mas pela importância que o grupo tinha, e acredito que ainda tem, na economia brasileira”, disse a petista.

Nomeação de Bendine

Em seu depoimento, Dilma também declarou que não pretendia trocar a ex-presidente da Petrobras Graça Foster por Aldemir Bendine. A ex-presidente avalia que Graça “combinava grande capacidade de gestão e um conhecimento bastante aprofundado” e mantinha a estatal “no rumo correto”. Segundo Dilma, no entanto, “todo o processo que a Petrobras passava tornou para ela difícil esse processo” e Graça Foster acabou pedindo para deixar o comando petrolífera, após ter sido demovida da ideia pela então presidente ao menos três vezes.

“Eu não queria que ela se afastasse. Tentava evitar o máximo possível. Eu nunca dei entrevista sobre isso, nem me manifestei sobre isso. Mas isso era público e notório. Daí porque de fato eu tomei atitude de trocar a diretoria da Petrobras a partir do fato que constatei que ela não ficaria. E aí, diante de todo o retrospecto no Banco do Brasil, [Bendine] foi uma das pessoas que pensei que poderia substituí-la adequadamente”, relatou Dilma Rousseff.

Ainda conforme a ex-presidente, o convite feito a Aldemir Bendine não era “imediatamente atraente” porque ele tinha “uma situação mais confortável” no banco estatal. Após uma reunião em Brasília, diz Dilma, Bendine e o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, aceitaram assumir os cargos. “Era importante que não houvesse vacância, porque afetaria não só as ações, mas a avaliação da empresa”, explicou a petista.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.