Governador petista do Ceará rejeita PT na eleição em Fortaleza
Além da recusa de Camilo Santana a apoiar Luizianne Lins, disputa terá prefeito Roberto Cláudio e vice Gaudêncio Lucena em palanques opostos
Nas eleições municipais de Fortaleza (CE) neste ano concorrem oito candidatos, sete dos quais exercendo atualmente mandatos políticos. O prefeito Roberto Cláudio (PDT) e o deputado estadual Capitão Wagner (PR) despontam até agora como favoritos na disputa, que também terá como candidatos os deputados federais Ronaldo Martins (PRB) e Luizianne Lins (PT), esta ex-prefeita de Fortaleza, os deputados estaduais Heitor Férrer (PSB) e Tin Gomes (PHS), o vereador João Alfredo (PSOL) e o operário Gonzaga (PSTU).
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Não bastassem a rejeição à sua gestão na cidade, entre 2005 e 2012, e ao PT, que deve encolher em prefeituras e Câmaras municipais em 2016, Luizianne Lins terá um empecilho a mais em sua campanha. Embora o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), seja tão petista quanto ela, seu apoio está reservado à reeleição de Roberto Cláudio, o prefeito pupilo dos ex-governadores Ciro e Cid Gomes.
Acima do partidarismo e do desgastado ex-presidente Lula, que participou do lançamento da candidatura Luizianne, trata-se, para o governador, de uma questão de gratidão. Eleito pelo PSB em 2012 sob as bênçãos dos irmãos Gomes, Roberto Cláudio apoiou, ao lado deles, a eleição de Camilo Santana em 2014. Após seguir Ciro e Cid na migração ao PDT, em 2015, o prefeito receberá a contrapartida do mandatário cearense.
A coligação do prefeito conta com dezoito partidos, incluindo o DEM do seu companheiro de chapa, o deputado federal Moroni Torgan. Entre os outros aliados, os mais representativos são PP, PPS, PV, PSD, PTB, PROS e PCdoB. Ainda há na coalizão PEN, PSC, PSDC, PRTB, PTC, PTN, PPL, PSL e PMB.
O PMDB, do vice-prefeito Gaudêncio Lucena, é a principal baixa no arco de alianças do prefeito da capital cearense em relação à eleição de 2012. Após romperem durante a disputa estadual em 2014, quando Roberto Cláudio apoiou Camilo Santana em detrimento do senador peemedebista Eunício Oliveira, Lucena tentará se reeleger vice-prefeito na chapa do principal opositor do pedetista: o deputado estadual Capitão Wagner (PR).
Capitão da Polícia Militar, o candidato do PR teve até agora, aos 33 anos, uma trajetória meteórica na política local. De líder da greve de PMs cearenses, em 2011, quando se notabilizou, passou a vereador mais votado de Fortaleza em 2012, com 43.665 votos, e a deputado estadual mais votado do Ceará em 2014, com 194.239 votos. Compõem sua coligação, além do próprio partido e do PMDB, o PSDB, do senador e ex-governador do Ceará Tasso Jereissati, e o Solidariedade.
Impulsionado pelos aliados de peso, o domínio da máquina municipal e da extensa coligação, Roberto Cláudio lidera as intenções de voto, com 29%, segundo o Ibope divulgou ontem. Wagner vem em seguida, com 21%.
Prefeita cuja rejeição chegou a 50% em 2010, segundo o Datafolha, Luizianne Lins aparece em terceiro na pesquisa, com 18%. Correm contra ela na Justiça do Ceará ações penais por improbidade administrativa e crimes contra as finanças públicas, além de cinco ações civis públicas de improbidade administrativa e um inquérito por crimes de responsabilidade. Como o PT não se coligou com nenhum partido, Luizianne disputará a eleição tendo como vice o igualmente petista Elmano de Freitas.
Logo abaixo da deputada federal nas intenções de voto, com 9%, aparece o pessebista Heitor Férrer, no quarto mandato de deputado estadual e terceiro colocado nas eleições municipais de 2012. Para a disputa em Fortaleza, o PSB fechou aliança com a Rede Sustentabilidade, que indicou o vice de Férrer, Dimas Oliveira.
As outras quatro chapas que concorrerão na capital cearense são formadas por Ronaldo Martins (PRB) e Nina Carvalho (PRB), João Alfredo (PSOL) e Raquel Lima (PCB), Tin Gomes (PHS) e Milton Arruda (PTdoB), e Gonzaga (PSTU) e Nivânia Amâncio (PSTU).
Segundo levantamento do Instituto Veritá divulgado no início de agosto, a população de Fortaleza aponta como principais problemas da cidade atualmente obras de pavimentação, educação, acessibilidade e limpeza pública.