Gangues digitais na corrida eleitoral: temporada de cachorro louco
Como ativistas de candidatos de direita e esquerda se organizam para intimidar seus críticos nas redes sociais
Eles não querem conversa, querem briga. Agem em bando nas redes sociais, quase sempre contra um único indivíduo — alguém que postou uma crítica contra o político ou o partido que eles apoiam. Costumam incluir votos de que o adversário “morra”, “apodreça” e sugestões para que explore práticas eróticas heterodoxas. Ultimamente, a defesa dos nomes que poderão concorrer à eleição de 2018 vem ocupando a discussão, mas, como o objetivo não é debater, imagens, frases e memes de apelo fácil e entendimento imediato fazem as vezes de “argumento”. Cartazes virtuais com dizeres como “Feminazi boa é feminazi morta” fazem grande sucesso por não requererem maiores esforços de leitura nem raciocínio, dois anátemas nas redes sociais. Com métodos assim, capazes de gerar “engajamento” imediato — ao menos entre os que já tendem a simpatizar com a ideia —, as gangues virtuais engrossam as fileiras das tropas hiperpartidárias e hiperagressivas incumbidas de duas missões: enaltecer seu candidato e massacrar quem falar mal dele.
No cenário político atual, há três presidenciáveis que, de longe, dispõem de maior poder de fogo: o ex-presidente Lula, o deputado Jair Bolsonaro e o prefeito paulistano João Doria. Nenhum deles coordena as gangues virtuais nem estimula abertamente suas táticas de intimidação, mas também nunca se ouviu deles uma palavra para dissuadir seus apoiadores das práticas de hostilização. O fato é que, se mais de um ano antes da eleição presidencial o ambiente já está tão contaminado, são péssimas as perspectivas para o pleito de 2018.
Neste mês, o Instituto de Internet da Universidade de Oxford divulgou um estudo feito em 28 países intitulado “Troops, trolls and troublemakers: a global inventory of organized social media manipulation” (Tropas, troladores e encrenqueiros, um inventário global da manipulação nas redes sociais). A pesquisa, que incluiu o Brasil, concluiu que a atuação das tropas cibernéticas — definidas como grupos que tentam manipular a opinião pública por meio das redes sociais — deixou de ser uma forma de guerrilha marginal para se transformar em prática política padrão.
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