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Gabrielli: Era ‘impossível’ detectar desvios na Petrobras

Ex-presidente da estatal afirmou à CPI que grande volume de recursos movimentados impedia detecção. 'Isso é caso de polícia', afirmou

Por Gabriel Castro, de Brasília
12 mar 2015, 15h17

Em depoimento à CPI da Petrobras nesta quinta-feira, o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli cumpriu o roteiro pré-estabelecido pelo PT e agiu com cinismo diante dos parlamentares. O petista afirmou que era impossível saber da quadrilha instalada na Petrobras, disse que a compra da refinaria de Pasadena foi um bom negócio e assegurou que não houve corrupção sistêmica na estatal. Ao mesmo tempo, mencionou, sempre que pôde, que o ex-gerente Pedro Barusco, um dos delatores do petrolão, recebeu propina ainda em 1997, em uma tentativa de culpar o governo Fernando Henrique por um esquema que, segundo o próprio Barusco, só se institucionalizou a partir do governo Lula. Para os petistas, o depoimento serviu para reduzir a temperatura após a fala explosiva de Pedro Barusco – que confirmou ter pago propina ao PT.

Durante as seis horas de seu depoimento, Gabrielli insistiu que o escândalo de corrupção não passou de desvios individualizados e que o uso da estatal para atender a um esquema de desvios organizado é “ficção”.

O ex-presidente também abusou da desfaçatez ao dizer que os desvios bilionários, confessados pelos delatores do petrolão, nunca poderiam ter sido detectados pelo comando da estatal. “É impossível identificar esse tipo de comportamento internamente. Isso é um caso de polícia”, afirmou aos parlamentares. Ele argumentou que, apesar dos desvios, os contratos onde havia pagamento de propina tinham valores dentro dos parâmetros da estatal.

Leia mais: Cunha diz que inquérito contra ele é escolha política

Abreu e Lima – Gabrielli também afirmou que a elevação no preço da refinaria pernambucana de Abreu e Lima, tratada como superfaturamento de mais de 600 milhões de reais pelo Tribunal de Contas da União (TCU), é efeito de três fatores: a alta do dólar, uma revisão no projeto inicial e a falta de infraestrutura adequada na região da refinaria.

O relator Luiz Sérgio (PT-RJ) evitou perguntas mais específicas sobre os casos de corrupção. Gabrielli, por sua vez, fez uso de respostas longas, o que irritou a oposição. “Estamos assistindo a uma palestra sobre petróleo”, reclamou o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT).

Quando os demais parlamentares passaram a fazer perguntas, Gabrielli admitiu que partiu da estatal a indicação de Pedro Barusco para uma diretoria da Sete Brasil, empresa construtora de sondas que tinha 5% de participação acionária da Petrobras. Na Sete, Barusco manteve seu esquema de cobrança de propina em parceria com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

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Gabrielli já afirmou, em entrevista ao Jornal Nacional, que a indicação não partia da Petrobras. Agora, reconhece: “Foi um equívoco”. De acordo com ele, a indicação foi feita pela diretoria da estatal. Ainda assim, o ex-presidente diz que a decisão não passou por ele. “Não é uma indicação pessoal minha”.

O ex-presidente da petroleira provocou risos no plenário da CPI ao dizer que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que deixou um prejuízo de mais de um bilhão de dólares, foi um bom negócio: “Com certeza. Não tenho dúvida quanto a isso”.

O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio, foi o mais incisivo contra Gabrielli: “A fala de vossa senhoria demonstra ou conivência ou uma incompetência brutal”, afirmou. A frase provocou bate-boca porque os deputados Maria do Rosário (PT-RS) e Valmir Prascidelli (PT-SP) tentaram interromper o tucano. Sampaio continuou: “É de uma cara de pau inaceitável. Veio aqui dizer inverdades, que fique muito claro. Ele prestou o depoimento aqui com compromisso de dizer a verdade e esse cara de pau está mentindo”. Onyx Lorenzoni (DEM-RS) chamou Gabrielli de “cínico”.

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José Sérgio Gabrielli foi o segundo depoente convocado pela CPI para falar sobre o petrolão. O primeiro foi o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco, que falou aos parlamentares na terça-feira. Além deles, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi ouvido nesta quinta-feira porque se voluntariou a comparecer.

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