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‘Fui infeliz’, diz Carla Zambelli sobre tuíte com ‘solidariedade’ a Janot

Deputada apagou publicação, feita após o ex-procurador-geral dizer a VEJA que foi ao STF armado para matar Gilmar Mendes; 'dupla interpretação', explica

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 out 2019, 16h25 - Publicado em 1 out 2019, 15h38

Depois de apagar o tuíte em que se dizia “solidária” ao ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, publicado após ele dizer a VEJA que foi armado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para matar o ministro Gilmar Mendes, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) afirma que foi “mal interpretada” e “infeliz” em sua postagem no Twitter.

“Minha solidariedade ao ex PGR. Gilmar Mendes sempre teve pouco escrúpulo”, havia escrito a parlamentar na rede social.

A deputada diz a VEJA que sua solidariedade se dava ao fato de Janot ter relatado na entrevista que teve a reação depois de um suposto ataque de Gilmar Mendes à sua filha – e não com a ideia do ex-procurador-geral de matar o ministro do STF.

“Quando mexe com família é um negócio complicado, porque eu tenho sido vítima disso, sei o que é mexer com a nossa família sem a gente estar implicado de nenhuma maneira. Quando eu falei de minha solidariedade, não foi, obviamente, solidariedade com ele ter pensado em matar o Gilmar. Foi ao fato de Gilmar não ter atacado o fato, mas sim as pessoas, como ele sempre faz. Acho que deu dupla interpretação a forma como eu postei, fui infeliz na forma de escrever o tuíte, as pessoas não entenderam”, afirma.

Carla Zambelli diz ainda que temia por uma reação do STF à sua publicação, se interpretada como incitação à morte de um ministro do Supremo. “Apesar de defender a pena de morte para ladrão, estuprador, assassino, terrorista, pedófilo, não apoio a morte de ninguém. Quero que o Gilmar viva muito. O STF não mede esforços para derrubar pessoas como eu, que estou sozinha, não sou líder de governo, não estou na executiva do PSL, sou só uma deputada”, afirma.

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Crítica da gestão de Janot na PGR, entre 2013 e 2017, e idealizadora do boneco inflável Enganô, que associava o ex-procurador ao PT, Carla diz ainda que “sentir vontade não é crime”. “Não é que ele tenha tentado matar o Gilmar, tenha feito uma emboscada para o Gilmar, ele pensou e teve vontade, o que não é crime”, pondera.

‘Ia dar um tiro nele e me suicidar’

O ex-procurador-geral da República vai lançar na próxima semana o livro Nada Menos que Tudo, escrito pelos jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin, em que narra episódios desconhecidos ao longo dos quatro anos em que esteve à frente das investigações do maior escândalo político do país.

Na ocasião relatada pelo ex-procurador na entrevista a VEJA e no livro, Janot havia pedido ao STF que impedisse Mendes de atuar em um processo que envolvia o empresário Eike Batista. O procurador alegou que a esposa do ministro, Guiomar Mendes, trabalhava no mesmo escritório de advocacia que defendia Eike. Na sequência, foram publicadas notícias de que a filha de Janot era advogada de empreiteiras envolvidas na Lava-­Jato — o que, por analogia, também colocaria o pai na condição de suspeito. O procurador identificou Mendes como origem da informação — e, nesse instante, decidiu matá-lo.

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O plano do ex-PGR era dar um tiro na cabeça do ministro e depois se matar. A cerca de 2 metros de distância de Mendes, na sala reservada onde os ministros se reúnem antes de iniciar os julgamentos no plenário, Janot sacou uma pistola do coldre que estava escondido sob a beca e a engatilhou. Mas o plano não se consumou: “Só não houve o gesto extremo porque, no instante decisivo, a mão invisível do bom senso tocou meu ombro e disse: não”.

Na entrevista, Janot também narra, entre outros episódios, que foi convidado pelo então senador Aécio Neves (PSDB) para ser candidato a vice-presidente da República, que o ex-ministro Antonio Palocci prometeu entregar cinco ministros do STF e que Temer pediu a ele que cometesse o crime de prevaricação.

Na sexta-feira, por meio de nota, Gilmar Mendes se disse surpreso com a revelação de Janot, recomendou que ele procure “ajuda psiquiátrica” e lamentou “o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.”

Ainda na sexta-feira, após pedido de Gilmar, o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do inquérito que apura notícias falsas e ameaças contra integrantes da Corte, determinou que a Polícia Federal cumprisse mandados de busca e apreensão em dois endereços de Janot em Brasília. A PF foi à casa e ao escritório do ex-procurador-geral e apreendeu uma arma, celular e tablet.

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