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‘Frustramos interesses de gente poderosa’, diz Temer em discurso

Em evento sobre estatais, presidente afirma que foi alvo da frustração de ‘gente que se servia da atividade de empresas públicas para objetivos não lícitos’

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 20h20 - Publicado em 29 jun 2017, 14h33

O presidente Michel Temer (PMDB) disse nesta quinta-feira que frustrou “interesses de gente poderosa” nas estatais federais, como Petrobras e BNDES, e que pôde constatar logo em seguida “essa frustração de gente que se servia da atividade de empresas públicas para objetivos não lícitos”.

A declaração, que fez com que Temer subisse o tom de voz, foi dada durante cerimônia de um ano da sanção da Lei de Responsabilidade das Estatais. A lei, sancionada em junho de 2016 quando ele ainda era presidente interino – Dilma Rousseff (PT) estava afastada por causa do processo de impeachment -, fixou critérios para nomeação de diretores de empresas públicas (como proibir nomeação de políticos) e aumentou o rigor das regras para licitações.

“Percebi desde logo que era preciso sanear empresas do porte e do significado da Petrobras, da Eletrobras, do BNDES (…). A ideia principal desta lei era protegê-las de um certo assédio ilegítimo de quem quer que fosse”, disse, para depois emendar: “Eu confesso que, ao fazê-lo, nós frustramos interesses de gente poderosa. Eu pude verificar logo em seguida essa frustração de gente que se servia da atividade de empresas públicas para objetivos não lícitos”.

A declaração, aparentemente, foi endereçada a Joesley Batista, dono da JBS, que recebeu vários aportes do BNDES (que se tornou acionista do grupo), mas se queixou com Temer, em reunião no Palácio do Jaburu,  de que o acesso ao banco tinha ficado difícil no seu governo. A conversa foi gravada e entregue ao Ministério Público Federal e acabou provocando a maior crise política do atual governo. O áudio é o principal elemento da denúncia de corrupção passiva feita contra ele pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

“A ideia principal desta lei [de controle das estatais] era protegê-las de um certo assédio ilegítimo de quem quer que fosse. Eu confesso que, ao fazê-lo, nós frustramos interesses de gente poderosa. Eu pude verificar logo em seguida essa frustração de gente que se servia da atividade de empresas públicas para objetivos não lícitos”

Michel Temer (PMDB), presidente da República
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Segundo Temer, “o objetivo [de impor maior controle nas estatais] não era só moralista”, mas “salvar um patrimônio que pertence a todos os brasileiros”. Ele enumerou, entre outros exemplos, o da Petrobras, que, de acordo com o governo, saiu de um prejuízo de R$ 385 milhões em 2015 para um lucro de R$ 4,8 bilhões no ano passado.” “Após sete anos de crescimento acentuado de suas dívidas, as estatais federais viram reduzir seu endividamento em 24% e o valor de mercado dessas empresas conheceu um incremento extraordinário”, afirmou.

Responsabilidade

O presidente não falou diretamente da crise política, mas disse que o “momento que atravessamos exige responsabilidade de todos, responsabilidade com a coisa pública, responsabilidade com atos e palavras”. “O que está em jogo é a superação de uma crise sem precedentes”, disse.

Ele citou números positivos na economia, como a recuperação do emprego e a queda da inflação. “O Brasil está prosperando, está respirando, não podemos deixar que nada impeça essa respiração extraordinária que o país está tendo”, disse.

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Ouça o discurso de Temer:

 

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