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Flagrado em gravação, Bethlem nega corrupção e culpa ‘confusão mental’ da ex-mulher

O deputado Rodrigo Bethlem, homem forte de Eduardo Paes, publicou nota negando esquema revelado por VEJA; prefeitura do Rio vai investigar

Por Da Redação
Atualizado em 10 dez 2018, 09h53 - Publicado em 26 jul 2014, 16h51

O deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ), ex-secretário do prefeito Eduardo Paes no Rio de Janeiro, publicou nota em sua página no Facebook negando denúncias de corrupção feitas por sua ex-mulher, a ex-deputada Vanessa Felippe Bethlem, e reveladas por VEJA. Gravações mostram a participação do deputado, que deixou a Secretaria de Governo da prefeitura do Rio para tentar se reeleger, em um esquema de corrupção na administração municipal. Nos áudios, ele afirma que recebeu mensalmente propina da ONG Tesloo, contratada para administrar o cadastro único de programas sociais da prefeitura, que é usado para pagamento de programas como o Bolsa Família e o Cartão Família Carioca.

Na publicação no Facebook, o parlamentar diz que as acusações são infundadas e usa a imagem de um documento, que ele diz ter ser registrado em cartório, no qual Vanessa afirma se arrepender. “São infundadas essas acusações e a própria autora delas adiantou-se em desmenti-las, alegando tê-las feito num momento de grave confusão mental, que resultou em três tentativas de suicídio. A última há poucos dias”, escreveu Bethlem. Contudo, as conversas reveladas por VEJA não deixam dúvida de que Bethlem confessa operar o esquema de corrupção.

Para tentar se livrar das acusações, o deputado também divulgou imagens de uma declaração assinada pela ex-mulher e um atestado médico assinado pela psiquiatra Rosaria Gomes sobre o tratamento ao qual Vanessa estaria sendo submetida há duas semanas. O atestado, reproduzido no perfil de Bethlem na rede social, afirma que Vanessa sofre de “transtorno de personalidade borderline”.

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A prefeitura do Rio anunciou que vai investigar os contratos assinados por Bethlem. Em nota, a administração afirmou que “não possui mais convênio com a Tesloo”. “Apesar de Rodrigo Bethlem não ocupar mais cargo na prefeitura, o município espera que o deputado preste os esclarecimentos necessários sobre as denúncias em questão.” A ONG era administrada pelo major da reserva Sérgio Pereira de Magalhães Júnior, suspeito de integrar uma milícia.

Denúncia – Em uma das conversas entre Bethlem e Vanessa reveladas por VEJA, depois de relatar que tipo de despesa ele estaria disposto a bancar após o divórcio dos dois, Bethlem afirma que sua principal fonte de renda era um convênio da prefeitura chamado Cadastro Único. “Eu tenho de receita em torno de 100.000 reais por mês”, afirma na gravação com a maior naturalidade do mundo, explicando que do contrato retirava entre 65.000 e 70.000 reais por mês.

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Nomeado secretário de Eduardo Paes, Bethlem ocupou as pastas de Ordem Pública e Assistência Social antes da secretaria de Governo, e optou pelo salário maior de deputado – ou seja, só deveria ter direito a um rendimento bruto de 26.723,13 reais, equivalente a cerca de 18.000 reais mensais líquidos. O deputado era um dos cotados para substituir Paes na prefeitura.

As gravações que revelam o esquema de corrupção na prefeitura do Rio

Bethlem

– Minha principal fonte de receita hoje na prefeitura, que é um convênio do Cad único… O cara simplesmente não prestou contas…

Vanessa

– Por que você está falando baixo? Não tem ninguém aqui.

Bethlem

– Porque eu simplesmente tô (sic) paranoico.

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Vanessa

Paranoico por quê?

Bethlem

Telefone. Você sabe que os caras entram no telefone e vira um autofalante

Vanessa

– E você tem motivo para ficar paranoico?

Bethlem

– Como todo mundo. Você acha que alguém vai te denunciar no MP, por quê?

Vanessa

– Por quê?

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Bethlem

– Porque eu sou alvo, Vanessa.

Bethlem

– (…) Este mês infelizmente furou porque o cara não prestou contas e eu efetivamente não vou colocar meu rabo na janela (…) Por isso eu tô (sic) f* desse jeito… É a minha principal receita. (…)

Vanessa – Qual o nome do negócio?

Bethlem – É um convênio que eu tenho, o Cadastro Único.

Vanessa – O que é que tem isso?

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Bethlem – É a minha principal fonte de renda hoje. O cara não prestou contas direito, o cara é um idiota, um imbecil. Não pude pagar o cara este mês, não recebi. (…) É uma receita que eu tenho certa até fevereiro, até março. Porque é um convênio de sete meses. (…)

Vanessa – E quanto dá isso?

Bethlem – Eu tenho de receita em torno de 100 mil reais por mês.

Vanessa – Quanto dá o CAD Único por mês?

Bethlem – Em torno de uns 65, 70.000. Depende do que ele receber, entendeu? (…)

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Bethlem – Fora isso, tem o lanche e o meu salário.

Vanessa – Lanche? Que lanche?

Bethlem – O lanche que é servido… pelo cara que vende lanche para todos nas ONGs… é meu amigo.

Vanessa – Quanto é de lanche?

Bethlem – Em torno de 15.000 reais. O cara tá vendendo metade do que deveria vender

Vanessa – Até quando?

Bethlem – Até quando existir convênio. (…)

Vanessa – E salário?

Bethlem – Cerca de 18.000 líquido.

(…)

(com Estadão Conteúdo)

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