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FHC a Lupi: após certo ponto, ministro passa a ser peso

Ex-presidente critica cooptação de ONGs para a corrupção. Problemas com entidades derrubaram dois auxiliares de Dilma e colocam cargo de Lupi a perigo

Por Carolina Freitas e Marina Pinhoni
21 nov 2011, 11h53

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) fez nesta segunda-feira uma recomendação ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), que se segura no cargo há duas semanas, após VEJA revelar a existência de um esquema de corrupção na pasta. “A partir de certo ponto, queira a presidente ou não, o ministro passa a ser um peso”, disse depois de participar de um congresso na capital paulista. “Os próprios ministros deveriam entender que, quando perdem a condição de permanência, o gesto da retirada é um gesto mais construtivo para eles próprios do que a insistência de ficar.” Fernando Henrique Cardoso criticou ainda a relação promíscua estabelecida entre organizações não-governamentais (ONGs) e partidos políticos – é o caso das entidades envolvidas no esquema de corrupção no ministério do Trabalho, do pedetista Lupi. “Quando existe a cooptação das ONGs pelos partidos ou quando partidos criam ONGs para obter contratos, isso não é ONG”, afirmou FHC. “É um braço do partido disfarçado para obter um fundo que não é legítimo”. Esquemas de corrupção envolvendo esse tipo de entidade derrubaram o ministro do Turismo Pedro Novais, o titular do Esporte Orlando Silva e colocam a perigo o cargo de Lupi. “A visão correta do terceiro setor é oposta a essa que esta aí, de ONGs para obter dinheiro para a corrupção”, disse FHC, durante palestra na abertura do 3º Congresso Brasileiro e Fundações e Entidades de Interesse Social em São Paulo. Na plateia de cerca de 500 pessoas estava o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que falou depois de Fernando Henrique e tentou justificar as falhas do governo federal. O ex-presidente apontou ainda para a necessidade de aumentar o controle e a fiscalização sobre o trabalho das organizações não-governamentais. “Não é só o controle”, observou. “É preciso que haja efetivação das prescrições da Controladoria-Geral da União. Às vezes se faz o controle e nada acontece. Tem de haver punição”. Para FHC, os casos recentes de corrupção envolvendo ONGs maculam a imagem de um setor sério. “É preciso um esforço para restabelecer a relação autêntica da ONG, que é ser independente dos partidos”. Fernando Henrique ponderou que há experiências positivas na relação de ONGs com o poder público. Um dos exemplos citados foi a administração de hospitais estaduais de São Paulo, feita por organizações sociais. FHC lembrou ainda a parceria feita por seu governo com entidades formadas por portadores da Aids para implantação do programa brasileiro de combate à doença. “Foi um sucesso absoluto. A tendência era da explosão da disseminação da doença no Brasil, mais isso não aconteceu porque o governo tomou decisões fortes, entre elas pedir ajuda a organizações compostas por aidéticos”, lembrou Fernando Henrique. Justificativa – O ministro Gilberto Carvalho tentou justificar as denúncias de corrupção que permeiam o governo do PT dizendo que elas decorrem do aumento da fiscalização. “Isso dá a impressão de que a corrupção é maior, quando na verdade só estamos desvendando para a população fatos que ocorriam há muito tempo”. No entanto, questionado por jornalistas sobre os recentes escândalos envolvendo o governo e ONGs, não pôde negar. “Efetivamente, houve problemas sim, mas eles não invalidam a ação em conjunto com ONGs”, argumentou. “É injusta essa criminalização generalizada por causa de algumas exceções”. Gilberto Carvalho não quis comentar o cai-não-cai do ministro do Trabalho. Perguntado sobre o assunto, encerrou a entrevista coletiva: “Não vou falar sobre esse tema”.


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