As facções criminosas que hoje aterrorizam a população do Maranhão, com cenas de extrema barbárie nas cadeias do Estado, tomaram o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, na Grande São Luís, em 2007. Na época, detentos transferidos para unidades prisionais do país retornaram ao Maranhão com a orientação de organizações de outros Estados, como o Primeiro Comando da Capital (PCC). A partir daí, formou-se a primeira facção em Pedrinhas, o Primeiro Comando do Maranhão (PCM). Em seguida, surgiram os Anjos da Morte, apontados como um desmembramento do PCM, e o Bonde dos 40, facção inimiga e considerada pela polícia a mais sangrenta.
Antes de 2007, dois grupos competiam pelo comando nos presídios maranhenses: os interioranos, apelidados de “baixadeiros” – menção à baixada maranhense – e os da capital. “Mas eles não podiam ainda ser considerados facções, pois não tinham organização própria”, afirma o juiz titular da 2ª Vara de Execuções Penais do Maranhão, Fernando Mendonça.
Segundo relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o surgimento do Primeiro Comando do Maranhão marcou também uma mudança na relação de forças em Pedrinhas: os interioranos eram tradicionalmente massacrados pelos detentos da capital, mas o cenário mudou com a chegada dos transferidos de São Paulo e Rio de Janeiro.
Nos presídios do sudeste do Brasil, onde facções criminosas já dominavam as cadeias há tempos, os detentos originalmente do Maranhão aprenderam a cartilha do crime organizado e levaram as ideias de tortura e ataques em massa para o Estado, formando as facções que hoje atuam em Pedrinhas. “O Maranhão não estava preparado para esse tipo de organização”, diz o juiz Fernando Mendonça.
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Decapitações – As facções criminosas maranhenses ficaram conhecidas pelas cenas de barbárie em Pedrinhas. Como forma de intimidar os inimigos, os detentos exibem cabeças de rivais mortos após verdadeiras batalhas pelo domínio da cadeia – algumas filmadas pelos próprios encarcerados. A Polícia Civil ainda atribui às organizações a responsabilidade pelos ataques a ônibus e delegacias, que mataram uma menina de 6 anos queimada na última segunda-feira. Os atos teriam sido ordenados por líderes das facções de dentro do presídio, em retaliação às revistas da Polícia Militar no local – foram apreendidas centenas de armas improvisadas, trinta celulares e uma pistola.
Mendonça argumenta que a transferência de detentos para outros presídios “fortalece o crime fora e dentro do sistema penitenciário” por colocar em contato presos de alta periculosidade com outros de pouca experiência no crime. “Eles voltam recrutados, pós-graduados”, diz o magistrado. Nesta terça-feira, 22 detentos maranhenses foram encaminhados para os presídios federais em Mossoró (RN), Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).
Para Mendonça, o sistema prisional do Estado está “fora de controle” e a única solução seria o que chama de “intervenção federal plena”, que envolva desde a capacitação de agentes penitenciários e construção de novos presídios à apuração das mortes na penitenciária. O juiz afirma que, até agora, nenhum inquérito sobre os assassinatos em Pedrinhas foi concluído, sendo que no local ocorrem mortes desde 2002.
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